Desde o início da guerra em Gaza, desencadeada em 7 de outubro de 2023, quando militantes islamistas atacaram Israel, diversas iniciativas diplomáticas não obtiveram sucesso.

Um dia após o início do conflito, o Hezbollah começou a realizar disparos de artilharia quase diários em solidariedade ao movimento islamista palestiniano, o que forçou a evacuação de dezenas de milhares de habitantes do norte de Israel.

Israel, que respondia a esses disparos, iniciou a 23 de setembro uma ampla campanha de bombardeamentos contra posições do Hezbollah e, uma semana depois, intensificou a ofensiva com operações terrestres no Líbano.

Um alto funcionário libanês informou a AFP que a embaixadora dos Estados Unidos em Beirute, Lisa Johnson, apresentou um plano de treze pontos ao primeiro-ministro Najib Mikati e ao presidente do Parlamento, Nabih Berri.

O plano prevê um cessar-fogo de 60 dias e a deslocação do Exército libanês para o sul do país, na fronteira com Israel.

Outra fonte do governo confirmou que a proposta está a ser analisada.

Berri "solicitou um prazo de três dias", informou o alto funcionário, acrescentando que Israel ainda não deu uma resposta.

Por sua vez, o Hamas declarou estar "disposto a alcançar um cessar-fogo na Faixa de Gaza, caso seja apresentada uma proposta e com a condição de que [Israel] a respeite", segundo Basem Naim, membro do gabinete político do movimento islamista palestino, em declaração à AFP.

Naim também pediu ao presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, que assumirá em janeiro, para "pressionar o governo israelita a interromper a agressão" em Gaza.

Bombardeamentos a sul de Beirute e em Gaza

Uma nova série de bombardeamentos atingiu esta sexta-feira os subúrbios de Beirute, informou a Agência Nacional de Informação Libanesa (Ani).

O Exército israelita declarou à noite ter realizado uma série de ataques contra alvos do Hezbollah na área, incluindo "centros de comando" do movimento pró-iraniano.

Mais de 3.440 pessoas,  maioria civis, morreram no Líbano desde outubro de 2023, de acordo com o Ministério da Saúde.

Também em Gaza, o Exército israelita realizou novos bombardeamentos, especialmente em Deir el-Balah, no centro do território palestiniano.

"Fui acordado pelo barulho do bombardeamento às 02h30" do horário local, relatou, ainda abalado, Mohamed Baraka à AFPTV. A sua casa foi destruída no ataque, que, segundo ele, deixou "três mártires e 15 feridos".

O Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) informou que "vários palestinianos deslocados" morreram "em ataques na região de Al Mawasi", no centro de Gaza.

Em 7 de outubro de 2023, militantes islamistas mataram 1.206 pessoas no sul de Israel, a sua maioria civis, e sequestraram 251, segundo um levantamento da AFP baseado em números oficiais israelitas, que incluem reféns mortos em cativeiro.

Dos sequestrados, 97 permanecem em cativeiro em Gaza, mas o Exército israelita estima que 34 estão mortos.

A ofensiva militar lançada por Israel em resposta matou pelo menos 43.764 pessoas no território palestino, na sua maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do governo do Hamas, cujos dados são considerados confiáveis pela ONU.

As operações militares israelitas, que mergulharam o território palestiniano numa grave crise humanitária, enfraqueceram o Hamas.

Naim, membro do gabinete político do Hamas, reiterou que o movimento islamista deseja alcançar "um acordo sério para troca de prisioneiros", trocando palestinianos detidos por Israel pelos reféns ainda mantidos em Gaza.

A Jihad Islâmica, grupo aliado do Hamas que participou do ataque de 7 de outubro, divulgou esta sexta-feira um vídeo no qual o refém Sasha Trupanov pede que sejam feitas pressões pela sua libertação e a dos demais sequestrados.

Desde o início do conflito, houve apenas uma trégua, que permitiu a libertação de mais de 100 reféns no final de novembro de 2023.