Em declarações à imprensa no Cairo, ao lado do chefe da diplomacia egípcia, Philippe Lazzarini informou que pretende deslocar-se hoje a Rafah, através do posto fronteiriço entre o Egito e a Faixa de Gaza, mas que foi “informado de que a sua entrada não estava autorizada”.
Na rede social X (antigo Twitter), detalhou que “as autoridades israelitas” lhe recusaram a entrada no território palestiniano, sitiado por Israel desde o início da guerra entre Israel e o movimento islamita palestiniano Hamas.
Contactadas pela agência France Presse, as autoridades israelitas escusaram-se a comentar.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, “considera que todos os funcionários da ONU, incluindo o Lazzarini e os seus colegas da UNRWA, devem ter acesso (à Faixa de Gaza) para poderem realizar o trabalho humanitário vital que estão a fazer”, disse o porta-voz adjunto de Guterres, Farhan Haq, aos jornalistas, em Nova Iorque.
A mesma fonte acrescentou que Guterres quer que Lazzarini tenha acesso às áreas onde trabalha a agência da ONU.
A UNWRA protagoniza uma polémica desde que Israel acusou 12 dos seus trabalhadores, no final de janeiro, de envolvimento no ataque mortal do Hamas em solo israelita, a 07 de outubro.
Esta manhã, o porta-voz do Governo israelita, Avi Hyman, reiterou as acusações contra a agência das Nações Unidas, afirmando que alguns dos seus funcionários tinham “participado ativamente no massacre de 07 de outubro”.
Na sequência das acusações, cerca de 15 países, incluindo os Estados Unidos, suspenderam o equivalente a mais de metade dos fundos recebidos pela agência em 2023. Desde então, vários países retomaram os seus pagamentos.
Por seu lado, o ministro egípcio, Sameh Choukri, reiterou o “apoio total” do Egito à UNRWA, denunciando “decisões unilaterais baseadas em acusações infundadas”.
A atual guerra na Faixa de Gaza foi desencadeada pelo ataque do Hamas no sul de Israel, que causou a morte de pelo menos 1.160 pessoas, a maioria civis, de acordo com uma contagem da AFP baseada em dados oficiais israelitas.
A operação militar israelita lançada em represália matou mais de 31.700 pessoas na Faixa de Gaza, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do Hamas.
Entre os mortos, contam-se cerca de uma centena de funcionários das Nações Unidas, segundo Lazzarini, que contabilizou também “mais de 150 infraestruturas da ONU completamente destruídas na Faixa de Gaza”.
“Vários dos nossos funcionários foram detidos e sujeitos a maus tratos e humilhações durante os seus interrogatórios”, acrescentou ainda.
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