Instado também a comentar a notícia de que António Costa fez escala em Budapeste, onde assistiu à final da Liga Europa ao lado do primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, o comunista considerou que “não é normal”.

“Sendo uma notícia, tem de ser esclarecida pelo primeiro-ministro, naturalmente”, defendeu, considerando que “não é normal, mas todos os problemas do país fossem esses”.

Sobre uma eventual vontade do líder do executivo de assumir um cargo europeu, Paulo Raimundo afirmou que “essa campanha eventualmente estar a andar ou não estar a andar é aquilo que menos preocupa os portugueses”.

O jornal Observador noticiou hoje que António Costa fez escala em Budapeste, em 31 de maio, quando seguia a caminho da Moldova para a cimeira da Comunidade Política Europeia, sem que o evento tivesse sido colocado em agenda.

De acordo com o mesmo jornal, o chefe do governo português viajou num Falcon 50 da Força Aérea Portuguesa e assistiu ao jogo da final da Liga Europa de futebol entre o Sevilha e a Roma, equipa italiana orientada por José Mourinho, ao lado do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán.

Questionado pelos jornalistas na sexta-feira, o Presidente da República disse ter sido informado desta escala.

O secretário-geral do PCP foi questionado também sobre a comissão de inquérito da TAP, que concluiu as audições agendadas, e considerou que, “passado este tempo todo, a questão fundamental mantém-se tal e qual, que é a privatização da TAP”.

“Eu acho que as conclusões da comissão de inquérito não vão alterar a questão de fundo para nós, que é o crime económico e político que está a ser concretizado com a privatização”, afirmou.

Paulo Raimundo considerou que “essa é que é a questão de fundo, certamente irá passar ao lado, como se procurou que passasse ao lado de toda a comissão de inquérito”.

O secretário-geral do PCP disse que o primeiro-ministro “vai ter que tirar ilações” sobre tudo o que se passou, mas questionado se devem passar pela demissão de membros do Governo, respondeu que “o problema dos portugueses não é quem são os protagonistas, é a política que desenvolvem”.

“De que nos vale mudar o ministro A, B ou C se a política for a mesma? Para nós a questão são os problemas das pessoas, e isso é que é preciso resolver, e não há nenhuma desculpa para não resolver”, salientou.

Sobre o crescimento da economia, o secretário-geral do PCP concordou com a avaliação do Presidente da República, que afirmou na sexta-feira que o país vive uma “dupla realidade”, onde os números gerais da economia apontados como muito bons demoram tempo a chegar “ao bolso das famílias”.

Paulo Raimundo considerou que “há uma discrepância brutal entre os números anunciados e a euforia da economia, e a vida das pessoas”.

“Há duas realidades paralelas, sendo que o maior problema que enfrentamos é que a realidade daqueles que estão mais apertados, os que sofrem as consequências destas opções políticas, é maior do que é essa realidade dos números estonteantes que estão a ser apresentados”, apontou.

E defendeu que “essa riqueza que está a ser criada, e é muita”, deve ser “distribuída de forma diferente, que é o que não está a acontecer”.

O Banco de Portugal prevê que a economia portuguesa vai crescer 2,7% este ano e 2,4% em 2024, revendo em altas as projeções para o PIB.

O BdP vê também uma melhoria do saldo orçamental mais rápida do que o Governo, apontando para um défice de 0,1% este ano, seguido de um excedente de 0,2% a partir de 2024.

No dia em que passam seis anos desde os incêndios que deflagraram no concelho de Pedrógão Grande e provocaram a morte de 66 pessoas, o líder comunista salientou a necessidade de “criar todas as condições para evitar que volte a acontecer” e que “os apoios que foram criados, justamente criados, cheguem às pessoas”.