“Eu creio que a situação é muito estranha, francamente muito estranha. E ela é estranha, desde logo, por duas razões: em primeiro lugar, porque passaram cerca de 20 dias sem que houvesse nenhuma nota oficial dessa deslocação, do enquadramento, da justificação, do modo como ocorreu”, disse Luís Montenegro aos jornalistas durante a iniciativa `Sentir Portugal´, que decorre esta semana no distrito de Setúbal.

“Passaram 72 horas desde que houve a primeira notícia sobre a publicitação dessa circunstância e a explicação do senhor primeiro-ministro. Creio que, se a situação era tão facilmente explicável como o comunicado do Governo aparentemente indicia, não se percebe porque é que a viagem não esteve no programa oficial”, acrescentou o líder do PSD.

Para Luís Montenegro, “não se percebe porque é que não se justificou a ida a Budapeste e não se percebe porque é que se tiveram 72 horas para dar uma resposta que é assim tão simples, independentemente de a resposta adensar a estranheza de toda esta situação”.

O dirigente social-democrata reagiu à nota divulgada hoje pelo gabinete do primeiro-ministro, em que se diz que António Costa esteve na final da Liga Europa de futebol, em Budapeste, a convite da UEFA e que ficou sentado ao lado do seu homólogo húngaro, Viktor Orbán, por tratamento protocolar.

Em 31 de maio, António Costa, que viajava num Falcon 50 da Força Aérea, fez uma escala em Budapeste, na Hungria, quando seguia a caminho da Moldova para a cimeira da Comunidade Política Europeia, sem que a paragem constasse da sua agenda pública, segundo noticiou o Observador.

De acordo com o mesmo jornal, o chefe do Governo português assistiu ao jogo da final da Liga Europa de futebol entre o Sevilha e a Roma, equipa italiana orientada por José Mourinho, ao lado do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán.

No encontro com jornalistas, Luís Montenegro foi também confrontado com o regresso do deputado Pinto Moreira às comissões parlamentares permanentes em que participava antes de ter suspendido o mandato por ter sido constituído arguido na Operação Vórtex.

“Os deputados têm o mandato que é deles. Eu já tive ocasião de dizer isto há um mês atrás mas se quiserem que eu repita, não tenho nenhum problema em repetir: há uma dimensão que é individual, do mandato. Nessa eu não posso intrometer-me”, disse.

“E há uma dimensão que é coletiva, política, do grupo parlamentar. E sobre essa, nós retiramos a confiança política ao deputado”, acrescentou Luís Montenegro, salientando que os deputados estão legalmente e constitucionalmente obrigados a cumprirem os trabalhos parlamentares no plenário e nas comissões da assembleia da República.