Mary Lou McDonald, que se reuniu em Bruxelas com o responsável comunitário para o ‘Brexit’, Michel Barnier, e alguns eurodeputados, considerou que “no caso de um ‘Brexit’ duro (…) decerto que a questão da fronteira irlandesa, a questão da unificação, deverá ser colocada ao povo e segundo o Acordo de Sexta-Feira Santa”, assinado em 10 de abril de 1998 e que estabeleceu a paz na Irlanda do Norte, território integrante do Reino Unido.
McDonald sublinhou que esta questão já foi colocada aos governos de Londres e Dublin, e insistiu que o Sinn Féin, maioritário entre a comunidade republicana da Irlanda do Norte, “apoia a reunificação da ilha” e pretende “em qualquer caso” um referendo sobre a unificação.
“A Irlanda está a mudar demográfica e politicamente, e julgamos que estamos no caminho até essa votação”, acrescentou McDonald, antes de sublinhar que perante uma saída desordenada do Reino unido da União será “impossível” pedir que a Irlanda “aceite todos os prejuízos” decorrentes desse cenário.
A dirigente republicana acrescentou que a fronteira irlandesa foi projetada para o debate político atual devido ao ‘Brexit’, pelo facto de essa delimitação “criar um risco real para a ilha da Irlanda, mas também agora para a União Europeia no seu conjunto”.
Ao referir-se aos esclarecimentos e garantias que a primeira-ministra britânica, Theresa May, forneceu a Bruxelas sobre a solução de emergência para evitar o restabelecimento de uma fronteira física na Irlanda, Mary Lou McDonald reconheceu “que ainda não está clara qual a natureza das garantias que [May] procura”.
“Em primeiro lugar, cabe ao Governo britânico, a May, esclarecerem essa situação”, adiantou, para esclarecer que as possíveis garantias sobre a preservação do “protocolo legal que contém as proteções para a Irlanda” deverá excluir a reabertura de negociações entre Londres e Bruxelas.
Em paralelo, a dirigente do Sinn Féin na Irlanda do Norte, Michelle O’Neill, pediu ao primeiro-ministro da República da Irlanda, Leo Varadkar, para “continuar a demonstrar liderança” e apelou “que não seja debilitada” a solução destinada a evitar a imposição de uma fronteira na ilha.
O governo britânico propôs hoje consultar a Assembleia da Irlanda do Norte antes de ativar a solução de salvaguarda para a fronteira com a República da Irlanda após o `Brexit`.
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