“A operação militar efetuada unilateralmente pelo Hamas (…) deu a Israel mais pretextos e justificações para atacar a Faixa de Gaza”, disse Abbas na cimeira da Liga Árabe em Manama, capital do Bahrein, citado pela agência francesa AFP.
Abbas referia-se ao ataque sem precedentes do Hamas em solo israelita em 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e duas centenas de reféns, segundo Israel.
O ataque desencadeou a atual guerra entre Israel e o Hamas, com uma ofensiva militar israelita que matou mais de 35.200 pessoas na Faixa de Gaza, segundo um balanço atualizado hoje pelo governo do grupo extremista.
O Hamas controla a Faixa de Gaza desde 2007, quando expulsou do enclave palestiniano o partido Fatah, de Abbas, após conflitos armados entre as duas partes na sequência da vitória do Hamas nas eleições em 2006.
Abbas disse em Manama que a recusa do Hamas em acabar com a divisão interna “serviu o plano de Israel”, antes de 07 de outubro, para “perpetuar a separação da Faixa de Gaza da Cisjordânia e de Jerusalém”.
Serviu também para “impedir a criação de um Estado palestiniano e enfraquecer a Autoridade Palestiniana e a Organização de Libertação da Palestina”, referiu, segundo a agência espanhola Europa Press.
Abbas disse que “a principal prioridade é acabar com a agressão” contra Gaza e levar mais ajuda humanitária para o território, bem como “impedir a deslocação de pessoas de Gaza ou da Cisjordânia”.
Defendeu ainda como prioridade “começar imediatamente a implementar a solução de dois Estados”, segundo a agência noticiosa palestiniana Wafa.
“Durante mais de sete meses, a guerra genocida de Israel matou dezenas de milhares de crianças, mulheres e homens do nosso povo na Faixa de Gaza”, afirmou.
O líder palestiniano precisou que a ofensiva israelita causou mais de 120.000 mortos e feridos, “a maioria dos quais mulheres e crianças”.
Abbas apelou ainda aos países árabes para que “revejam as relações” com Israel e condicionem a sua continuação ao fim da “guerra aberta contra o povo palestiniano”, segundo a agência espanhola EFE.
Na abertura da cimeira, o rei Hamad ben Issa Al Khalifa do Bahrein apelou para a organização de uma conferência internacional para a paz no Médio Oriente.
Apelou também para o apoio “ao pleno reconhecimento do Estado da Palestina e à sua adesão às Nações Unidas”.
Convidado para a cimeira, o secretário-geral da ONU, António Guterres, descreveu a guerra na Faixa de Gaza como “uma ferida aberta que ameaça infetar toda a região”.
Guterres reiterou o apelo à “libertação imediata e incondicional de todos os reféns” na posse do Hamas e pediu um cessar-fogo humanitário imediato.
“Qualquer ofensiva sobre Rafah é inaceitável”, acrescentou o antigo primeiro-ministro português.
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