Suspensa pelo presidente do Conselho Europeu cerca das 23:06 horas locais (menos uma hora em Lisboa), a cimeira extraordinária foi retomada às 08:00, depois de o político polaco ter concluído uma segunda fase de consultas e de, segundo fontes europeias, ter uma nova proposta sobre a distribuição dos altos cargos europeus.

Na primeira ronda de consultas, o político polaco consultou, um por um, os líderes dos 28 para testar alternativas ao candidato principal do Partido Popular Europeu (PPE), o alemão Manfred Weber, para a presidência do executivo comunitário, apresentando os nomes do francês Michel Barnier, negociador-chefe europeu para o ‘Brexit’, do primeiro-ministro irlandês, Leo Varadkar, e a búlgara Kristalina Georgieva, diretora-executiva do Banco Mundial.

Após a conclusão da primeira ronda de reuniões bilaterais, Tusk chamou à sala o apelidado grupo de Osaka, antes de partir para uma segunda fase de consultas, destinada a convencer os grandes opositores à nomeação do socialista holandês Frans Timmermans para a presidência da Comissão. De seguida, o PPE reuniu-se, atrasando novamente o início do pequeno-almoço de trabalho.

Agendada para as 18:00 de domingo, a cimeira extraordinária já tinha começado com um atraso de cerca de três horas, também devido a reuniões bilaterais de urgência, tendo sido interrompida pouco mais de uma hora depois de ter início.

Num primeiro momento, foi anunciado que as consultas de Tusk com os líderes iriam prolongar-se por duas horas, uma margem largamente ultrapassada — a demora foi tanta que permitiu a passagem de testemunho da presidência rotativa do Conselho da UE da Roménia para a Finlândia.

Apesar do otimismo demonstrado à chegada pelo primeiro-ministro português, António Costa, quanto à possibilidade do socialista holandês Frans Timmermans chegar à presidência da Comissão Europeia, a resistência apresentada pelos líderes do Partido Popular Europeu ao já denominado acordo de Osaka criou um novo impasse nas negociações para as nomeações dos cargos de topo europeus.

A proposta desenhada, à margem da cimeira do G20, na cidade japonesa de Osaka, pela chanceler alemã, Angela Merkel, pertencente àquela família política, pelo presidente francês, Emmanuel Macron, pelo presidente do Governo espanhol, o socialista Pedro Sánchez, e pelo primeiro-ministro holandês, o liberal Mark Rutte, ‘entregava’ a presidência da Comissão ao candidato principal dos socialistas, Frans Timmermans, o Conselho a um liberal, e o Parlamento Europeu e o cargo de Alto Representante para a Política Externa aos conservadores.

A noite já se adivinhava longa, pelo que os serviços do Conselho tinham anunciado que a cimeira, que teve início no domingo, poderia prolongar-se até um “pequeno-almoço na segunda-feira”.

Retomada oficialmente a reunião, e com as perspetivas de um acordo final na calha, a ‘maratona’ negocial prossegue em Bruxelas, em cima do prazo limite para tentar encontrar um compromisso, uma vez que na terça-feira tem início, em Estrasburgo, França, a sessão inaugural da nova legislatura do Parlamento Europeu (PE), na qual será eleito o presidente da assembleia, um dos lugares de topo negociados ‘em pacote’.

Além da presidência do executivo comunitário, estão em jogo as presidências do Conselho Europeu, do Banco Central Europeu e de Alto Representante, assim como a presidência do Parlamento Europeu, já que, embora esta seja decidida pelos eurodeputados, é tradicionalmente também negociada ‘em pacote’, de modo a serem respeitados os necessários equilíbrios (partidários, geográficos, demográficos e de género) na distribuição dos postos.