O apelo consta numa carta, a que a agência France-Presse (AFP) teve acesso, que é assinada pela primeira-ministra da Noruega, Erna Solberg, pelo Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, pelo diretor da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, e pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

A missiva foca em particular a lacuna de 4,5 mil milhões de dólares (3,7 mil milhões de euros) que existe atualmente nos fundos da OMS, nomeadamente para responder às necessidades associadas à distribuição das futuras vacinas contra a doença covid-19.

A carta, datada de 16 de novembro, é conhecida na véspera do arranque de uma cimeira do G20 que será organizada pela Arábia Saudita e que vai decorrer por videoconferência até domingo.

“Um compromisso dos líderes do G20 de financiar de forma substancial o défice atual de 4,5 mil milhões de dólares do (mecanismo) ‘ACT-Accelerator’ salvará vidas instantaneamente”, referiu a missiva.

O “ACT Accelerator” é uma aliança global liderada pela OMS e parceiros para a produção de forma global e equitativa de diagnósticos, terapêuticas e vacinas. O objetivo passa por assegurar que os países mais desenvolvidos não monopolizem estas vertentes.

A rede COVAX é o pilar destinado a garantir o acesso universal a uma vacina contra a covid-19.

Tal compromisso do G20 “permitirá uma estratégia para sair da crise”, acrescentaram os signatários da carta dirigida ao anfitrião da cimeira do G2, o rei saudita Salman bin Abdulaziz Al Saud.

Riad não fez, até ao momento, qualquer comentário.

“Os recentes avanços nas vacinas contra a covid-19 oferecem esperança”, mas estas devem “chegar a todos”, “o que significa que as vacinas devem ser tratadas como um bem público”, “acessível a todos”, afirmou o secretário-geral da ONU, António Guterres, em declarações aos ‘media’ em Nova Iorque.

“Esta é a única maneira de travar a pandemia” e “a solidariedade é sobrevivência”, reforçou.

Durante sete meses, foram investidos 10 mil milhões de dólares (8,4 mil milhões de euros) no desenvolvimento de vacinas, diagnósticos e terapêuticas.

“Mas há um défice de 28 mil milhões de dólares (23,6 mil milhões de euros), dos quais 4,2 mil milhões de dólares (3,5 mil milhões de euros) serão necessário antes do final do ano”, enumerou Guterres.

“Estes fundos são fundamentais para a industrialização, o transporte e o fornecimento de vacinas contra a covid-19″ e os “países do G20 têm os meios” para os financiar, argumentou o secretário-geral da ONU.

Na terça-feira passada foi igualmente divulgada uma carta assinada por Guterres dirigida aos líderes do G20.

Na missiva, o secretário-geral da ONU apelava aos dirigentes do G20 para demonstrarem audácia e ambição nas medidas relacionadas com a pandemia.

“O G20 sabe que será necessária uma nova redução da dívida. O grupo deve agora demonstrar uma maior ambição e propor medidas mais audaciosas para permitir aos países em desenvolvimento enfrentarem a crise de forma eficaz e evitar que a recessão mundial se transforme em depressão mundial”, sublinhou na missiva.

A pandemia da doença covid-19 já provocou pelo menos 1.360.914 mortos resultantes de mais de 56,8 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

A doença é transmitida por um novo coronavírus (SARS-Cov-2) detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.