“Temos fundamentadas esperanças de que os combatentes vejam contempladas as reivindicações que há anos vêm fazendo e que o programa do Governo contempla”, afirmou Chito Rodrigues, nas cerimónias comemorativas do 106.º aniversário da Batalha de La Lys e do Dia do Combatente, na Batalha (Leiria), presididas pelo chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa e, onde esteve, entre outras entidades, o ministro da Defesa Nacional, Nuno Melo.

Após manifestar ao ministro “sinceras felicitações pelo alto cargo que acaba de assumir”, o tenente-general desejou “maiores felicidades no cumprimento de uma exigente missão a nível nacional e internacional”.

Depois, referiu-se à I Guerra Mundial, recordando que “Portugal e os combatentes sofreram, mas estiveram com os vencedores e conservou-se a posse das então chamadas províncias ultramarinas”.

“Parece que foi ontem. Aos gritos, o povo português entoava ‘Angola é nossa’. Tivemos 250 mil homens em armas durante 13 anos. Já lá vão 63 anos”, declarou, notando que o país africano é agora independente.

Sobre a Revolução de 25 de Abril de 1974, salientou também que “parece que foi ontem”.

“Aos gritos, o povo português cantava ‘Grândola, Vila Morena’ e gritava ‘Liberdade’”, prosseguiu, assinalando que “já lá vão 50 anos” e Portugal “é hoje um país democrático”.

Porém, “não parece que foi ontem”, pois, “tal como no final do primeiro e segundo quartéis do século XX, a Europa, no final do primeiro quartel do século XXI, está novamente em guerra”, com consequências económicas “evidentes, conhecidas e sentidas pelos portugueses”.

“A insegurança e a instabilidade na Europa são realidades para longo prazo”, declarou, defendendo que, “não só em Portugal, mas em toda a Europa, face às lições recentemente aprendidas, os governos deveriam” proporcionar “às suas Forças Armadas, em permanência, a possibilidade de execução de um plano estratégico de emergência”.

Para Chito Rodrigues, este plano, que designou “Plano R”, deveria ser subordinado a “cinco preocupações estratégicas de defesa”, reorganização reformista, recrutamento, retenção e remuneração, reequipamento terra, mar e ar, e remuniciamento terra, mar e ar.

“Só a adoção política e a execução pelas Forças Armadas de um adequado, realista e coordenado ‘Plano R’, de longo prazo, onde a interoperabilidade deverá encontrar solução, poderá vir a garantir dissuasão a nível nacional e europeu, e a consequente tranquilidade para os nossos netos e bisnetos”, considerou o presidente da Liga.

Segundo o tenente-general, “é evidente a necessidade de reforço do pilar europeu” da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO, na sigla inglesa), no ano do seu 75.º aniversário, “onde Portugal, como seu fundador, deve poder melhorar o seu contributo e garantir paz e tranquilidade aos seus cidadãos”.

Chito Rodrigues salientou ainda que, “em todos os momentos difíceis da vida nacional”, houve “uma parte do povo português que foi ator decisivo no desenrolar dos acontecimentos”, notando que “uma parte desse povo deu a vida ao escrever essa História”.

“A outra parte sobreviveu, regressou e raramente ou tardiamente, recebeu os reconhecimentos morais e materiais devidos”, sustentou, explicando que “foram soldados de Portugal, essas duas partes do povo português, os atores decisivos nos momentos difíceis da sua História”.

Por isso, “há precisamente 100 anos, que as consequências da Grande Guerra davam origem a cem anos de solidariedade e apoio mútuo, entre combatentes portugueses, nos conflitos armados do século XX e XXI”, adiantou, recordando o nascimento, em 29 de janeiro de 1924, da Liga dos Combatentes da Grande Guerra, hoje Liga dos Combatentes.

Chito Rodrigues abordou a história, enumerou atividades e a ligação às antigas colónias, para assinalar que se trata de exemplos concretos de que as “fronteiras humanas e espirituais que ligam hoje países independentes continuam bem profundas, num verdadeiro e salutar ‘império da alma’”.