O anúncio da integração do português no programa norte-americano de bolsas de estudo foi realizado na conferência Palcus – Portuguese American Leadrship Council, em Washington, no fim de semana, na qual não só se discutiu o ensino de português como outros assuntos diretamente relacionados com as comunidades portuguesas.
Um responsável do programa norte-americano revelou a inclusão do português no conjunto de 15 línguas estrangeiras no sistema educativo, desde o ensino elementar até ao universitário, depois de a secretária de Estado da Educação norte-americana, Betsy DeVos, ter decretado o português como Língua Crítica dos Estados Unidos.
DeVos considerou que o idioma português preenche o requisito de língua relevante para o desenvolvimento económico dos Estados Unidos.
Em declarações à Lusa, Paulo de Jesus Martins, conselheiro da comunidade portuguesa de Nova Inglaterra, região da ponta nordeste dos Estados Unidos que congrega os Estados de Connecticut, Maine, Massachusetts, New Hampshire, Rhode Island e Vermont, assinalou a importância de se ter considerado o português como Língua Crítica.
“A integração como Língua Crítica revela que o português está a ter uma maior dimensão”, referiu Paulo de Jesus Martins, aludindo ao facto de a integração da língua de Camões no programa norte-americano “dá a possibilidade de dar uma maior visibilidade ao português”.
Paulo de Jesus Martins esclareceu que “os futuros estudantes têm a possibilidade de aplicarem em bolsas de estudo ou fundos distribuídos pelo departamento federal em programas de português, tanto a nível secundário como de licenciatura”.
“Há cerca de 10 milhões de estudantes nos Estados Unidos, desde o pré-escolar até ao 12.º ano, a estudarem línguas estrangeiras, um universo bastante grande”, declarou o conselheiro do Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP), acrescentando que o ensino de português “pode crescer”.
Atualmente, Paulo de Jesus Martins revelou que existem “18 mil estudantes de português nos Estados Unidos”, distribuídos pelo ensino público norte-americano e pelas escolas comunitárias, especialmente vocacionadas para o ensino da língua de herança a descendentes de portugueses.
Um total de 386 professores lecionam 658 cursos de língua portuguesa em 161 escolas norte-americanas, não só nos ensinos básico e secundário, mas “abrangendo também o universitário”.
O conselheiro tem a perspetiva que o número de estudantes de português no futuro possa aumentar com a inclusão do idioma de Língua Crítica, porém sublinhou a necessidade de “se trabalhar um pouco mais”, com o acréscimo “de memorandos de entendimento com alguns Estados norte-americanos”.
“Tem de haver mais investimento para poder integrar o ensino de português em mais escolas públicas, nos liceus. Onde haja mais representação portuguesa seria mais fácil e acessível, mas não podemos deixar os falantes lusófonos, os brasileiros, os cabo-verdianos e outras comunidades”, acentuou Paulo de Jesus Martins.
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