"Até gosto do projeto em si", começou por dizer o socialista durante a reunião pública do executivo, que decorreu hoje nos Paços do Concelho.
Medina respondia ao presidente da Associação dos Moradores da Lapa, que lhe pediu que não fique na história "como o presidente do mono do Rato".
"Eu não gosto do projeto naquele sítio, acho que não é um bom projeto para aquele local (...). E acho que o projeto cria uma disfunção naquele sítio, é uma rutura naquele local", afirmou Fernando Medina, ressalvando que este é a sua "opinião pessoal".
Ainda assim, o socialista salientou que os "promotores têm direito" à construção, uma vez que "o licenciamento foi efetuado", mas avisou que a "questão não se joga na estética do presidente e naquilo que o presidente acha, joga-se também nos direitos que as pessoas adquiriram e naquilo que é o interesse público prosseguir".
Por isso, apontou que o município irá dialogar com os promotores do edifício e "tentar encontrar uma solução que minore o impacto da adaptação da zona", não garantindo porém o "sucesso da operação".
"Veremos onde esse diálogo nos conduz, mas temos hoje de tomar as decisões que se irão conformar pelo melhor interesse público", advogou, não especificando o que a câmara pondera fazer caso os promotores não cedam em eventuais ajustes ao projeto.
Na opinião do autarca da capital, "aquele edifício noutro local poderia ser valorizador", mas "naquele local cria um elemento de descontinuidade estranha, principalmente com o início da Rua da Escola Politécnica, com o edifício da sede do PS no Largo do Rato, com a igreja".
Apesar desta posição, Fernando Medina vincou ter "um enorme respeito pelos arquitetos" que assinam o projeto, considerando serem "dois dos melhores que o país tem".
"Não serei eu o presidente do mono do Rato", atirou Medina em resposta ao munícipe, lembrando que o processo já leva mais de 13 anos.
Em causa está a obra projetada para o gaveto formado pela Rua do Salitre, Rua Alexandre Herculano e Largo do Rato, um projeto concebido pelos arquitetos Manuel Aires Mateus e Frederico Valsassina, e que prevê um edifício de habitação perto da sinagoga.
A empreitada vai finalmente avançar, depois de o licenciamento ter sido aprovado em reunião da Câmara Municipal de Lisboa em 2005 e deferido em 2010 (com a abstenção do PSD e CDS-PP) pelo executivo liderado pelo socialista António Costa.
Ao fim de vários anos de polémicas e contestação, os trabalhos já começaram, com a colocação de tapumes, e está previsto que durem dois anos.
Também em resposta ao munícipe, o vereador do Urbanismo frisou que a sua preocupação é o "cumprimento escrupuloso das regras do Plano Diretor Municipal".
"Até hoje, todas as situações que têm sido contestadas e têm sido apresentadas contestações junto da Provedoria de Justiça, da procuradoria, junto dos tribunais, têm dado sistematicamente razão à câmara. Estou confortável nesse aspeto", afirmou Manuel Salgado.
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