A Câmara de Lisboa aprovou por unanimidade, em reunião pública do executivo municipal, a atribuição do topónimo “Parque Gonçalo Ribeiro Telles” ao parque urbano em construção na Praça de Espanha.

A proposta, assinada pelos vereadores José Sá Fernandes (Estrutura Verde) e Catarina Vaz Pinto (Cultura), realça que as ideias do arquiteto Gonçalo Ribeiro Telles “de criação de uma estrutura verde assente em princípios ecológicos, de permeabilidade, a valorização da drenagem natural, o restauro do escoamento natural, aumento do coberto, vegetal arbóreo e arbustivo com utilização de espécies autóctones e o privilégio do peão e da bicicleta foram pilares orientadores dos projetos e conduzidos dessa forma até ao fim”.

“O nascimento deste grande parque urbano, com mais de seis hectares, cria um contínuo verde desde os Jardins da Amnistia Internacional, no Corredor Verde de Monsanto, até aos Jardins da Gulbenkian, ambos espaços da sua autoria”, refere o município no documento.

A autarquia indica também que a Comissão de Toponímia e o presidente da Junta de Freguesia de Campolide, André Couto, pronunciaram-se a favor da atribuição do nome de Gonçalo Ribeiro Telles ao parque da Praça de Espanha.

O presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina (PS), já tinha anunciado, no dia da morte do arquiteto, que iria propor aos vereadores que o nome de Gonçalo Ribeiro Telles fosse atribuído ao parque urbano da Praça de Espanha.

Gonçalo Pereira Ribeiro Telles, figura pioneira da arquitetura paisagista em Portugal, morreu em 11 de novembro, na sua casa, em Lisboa, aos 98 anos.

Nascido em 25 de maio de 1922, em Lisboa, Gonçalo Ribeiro Telles idealizou os chamados “corredores verdes” da capital e concebeu os jardins da Fundação Calouste Gulbenkian, em conjunto com o arquiteto António Viana Barreto.

Licenciou-se em Engenharia Agrónoma e formou-se em Arquitetura Paisagista, no Instituto Superior de Agronomia, onde iniciou a vida profissional como assistente e discípulo de Francisco Caldeira Cabral.

Em 1971, ajudou a fundar o movimento Convergência Monárquica e, após o 25 de Abril, foi um dos fundadores do Partido Popular Monárquico, a cujo diretório presidiu e que, em 1979, fez parte da Aliança Democrática (AD), liderada por Francisco Sá Carneiro.

Ainda na política, fundou, em 1957, com Francisco Sousa Tavares, o Movimento dos Monárquicos Independentes e, depois, o Movimento dos Monárquicos Populares, apoiando, um ano mais tarde, a candidatura presidencial de Humberto Delgado.

Foi também ministro de Estado e da Qualidade de Vida, no VIII Governo Constitucional, de 1981 a 1983, durante os governos da AD.