Em declarações à agência Lusa, Paula Marques reconheceu que, “factualmente, há um desequilíbrio” entre residentes e turistas no centro histórico, considerando que o programa Renda Convencionada, que atribui casas a preços acessíveis, é uma das formas de procurar um equilíbrio.

Contudo, a autarca frisou que “diabolizar o setor do turismo e do alojamento local não é a abordagem correta” e que este setor “é fundamental para a reabilitação económica, para a reabilitação urbana e para a reabilitação da cidade”.

“O que temos que fazer é procurar encontrar esse equilíbrio, mas não acho que a coisa deva ser maniqueísta do bom e do mau e de estremarmos, diabolizando esta atividade económica”, declarou.

A longo prazo, a autarquia terá a funcionar o programa Renda Acessível, “disperso por toda a cidade, mas que é importante ser feito também nestas zonas” do centro histórico, informou a vereadora da Habitação.

A 11.ª edição do programa Renda Convencionada, cujas candidaturas encerram hoje, recebeu 687 candidatos até quarta-feira.

“O valor médio do rendimento destes candidatos são 836 euros por mês”, referiu Paula Marques, reforçando que existe uma grande procura do segmento da população da classe média e média-baixa.

A autarca acredita que o número de candidaturas ainda vai subir, tendo em conta que há pessoas que se inscrevem à última hora.

Trinta e oito por cento dos candidatos têm idades até aos 30 anos e 33% têm idades entre os 36 e os 59 anos, revelou a vereadora, acrescentando que há uma concentração de candidaturas de pessoas isoladas.

Nesta edição, a autarquia de Lisboa disponibilizou dez fogos municipais a preços inferiores aos praticados no mercado imobiliário, com valores entre 94 e 262 euros, localizados nas freguesias de Belém, Santa Clara, São Vicente, Misericórdia, Santa Maria Maior, Olivais, Penha de França, Estrela e Lumiar.

“Há uma adesão crescente a este programa”, declarou Paula Marques.

Lançado no início de 2013, o programa Renda Convencionada atribuiu ao longo das dez primeiras edições 176 habitações, que foram disputadas por 12.676 candidatos, de acordo com dados da autarquia.

O programa Renda Convencionada disponibiliza fogos municipais com preços entre os sociais e os de mercado.

Em abril, a Câmara de Lisboa anunciou que o programa Renda Acessível prevê o arrendamento de mais de 5.000 fogos por valores entre os 250 e os 450 euros, tendo os jovens como primeiros destinatários.

A iniciativa destina-se a "um vasto segmento de pessoas" da classe média, pois poderá candidatar-se quem tenha rendimentos de 7.500 a 40 mil euros por ano e que não seja proprietário de imóveis, segundo o município.

A execução prevê parcerias do município com o setor privado: enquanto o primeiro disponibiliza terrenos e edifícios que são sua propriedade, ao segundo caberá construir ou reabilitar.