"Solicitei à presidente da junta que fizesse em primeiro lugar um debate e uma votação em assembleia de freguesia e que transmitisse à câmara a posição, e depois a Câmara Municipal de Lisboa, os seus vereadores, os vários partidos políticos, das várias sensibilidades, vão votar", anunciou o presidente do município, Fernando Medina (PS).

Numa apresentação e debate do projeto na tarde e noite de quarta-feira no Liceu Passos Manoel, Fernando Mediana reconheceu erros na condução do processo, que contribuíram para um "clima de desconfiança", nomeadamente, aquela sessão não se ter realizado antes do início da intervenção.

"A responsabilidade é minha, foi um erro. Como também foi um erro o facto de eu ter considerado que a obra se poderia realizar com recursos internos da Câmara, de forma muito mais rápida e com muito menos procedimentos do que aqueles que se veio a revelar necessários", afirmou.

O autarca assumiu ainda a responsabilidade pelo facto de à vedação temporária colocada em julho de 2018 "não ter sucedido uma obra no imediato", suscitando "dúvidas" e "desconfianças".

"Da mesma forma que eu assumo a falha quanto à forma como o processo ocorreu, tenho de vos dizer que não assumo qualquer sentido e orientação para o processo que não a preocupação em cuidar dos residentes desta zona", sublinhou, sendo aplaudido por alguns moradores.

O presidente da câmara da capital recusou qualquer intenção de privatizar o espaço público, a maior crítica apresentada pelos detratores da vedação no miradouro, conhecido popularmente por Adamastor, pela icónica estátua daquela figura mitológica.

"Todo o controlo do acesso, de horário, de espaço, está nas mãos de uma entidade pública de forma aberta, transparente, publicitada. Nunca poderia ser de outra forma, é o espaço público, será sempre um espaço público", garantiu.

Medina argumentou que a vedação projetada destina-se a "resolver uma pequena parte do problema do ruído e da frequência a partir de determinada hora da noite".

Na intervenção que encerrou a sessão, o autarca anunciou ainda que a gestão da concessão do quiosque localizado no miradouro será feita pela Junta de Freguesia da Misericórdia.

O auditório do Liceu Passos Manoel esteve lotado durante mais de quatro horas, com a assistência dividida em torno da solução da vedação, sendo salientados os problemas de segurança do local.

Queixas de tráfico de droga, agressões e arremesso de objetos para os telhados, num generalizado ambiente de insegurança, foram constantes da parte dos moradores que apoiam a vedação, sendo da parte dos detratores argumentado que uma "privatização do espaço público" não vai resolver aqueles problemas e reclamando um espaço livre.

Além da "vedação de segurança" contemplada no projeto, também os espaços verdes serão protegidos por vedações, mais baixas, colocadas nomeadamente em torno da estátua.

Em torno da estátua, serão colocados arbustos, substituindo a atual relva.

O arquiteto, que já tinha assinado as alterações feitas ao espaço em 2003, justificou a nova solução com o aumento da pressão da afluência de pessoas para aquele local.

O projeto contempla ainda mobiliário urbano com cadeiras semelhantes às existentes na praça da Batalha, no Porto, numa homenagem ao arquiteto Adalberto Dias, que as concebeu e que ficou em segundo lugar no concurso para o miradouro de Santa Catarina.

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