O conselho de ministros lituano aprovou a proposta do Ministério dos Transportes de encerrar dois postos fronteiriços, em Sumsk e Tvereciaus, para concentrar a maioria das atividades e controlos no maior posto fronteiriço, em Medininkai.

Durante anos, essas duas passagens foram sobretudo utilizadas por quem ia fazer compras por menos dinheiro ou visitar familiares.

“Esta decisão é uma medida preventiva destinada a controlar as ameaças à segurança nacional e as possíveis provocações na fronteira”, afirmou a ministra do Interior, Agne Bilotaite.

O fecho das passagens fronteiriças é uma reação à ida para território bielorrusso dos mercenários do grupo russo Wagner.

O posto fronteiriço de Medininkai é considerado aquele que é tecnicamente mais bem equipado, contando com sistemas de controlo que não estão disponíveis nos postos que serão encerrados.

Com mais guardas fronteiriços e inspetores alfandegários neste posto, “a situação em relação às filas de veículos e ao transporte de cargas não deverá sofrer grandes alterações”, indicou um porta-voz do Ministério dos Transportes.

Na plataforma digital Telegram, a Bielorrússia já reagiu ao encerramento pela Lituânia de dois postos fronteiriços, que isola mais ainda este aliado de Moscovo, afirmando tratar-se de “mais uma medida não-construtiva e hostil” por parte de Vilnius.

“As autoridades lituanas estão a utilizar qualquer pretexto para impedir a circulação não só de mercadorias, mas também para reduzir o fluxo de lituanos que viajam” para a Bielorrússia, sustentou o serviço da guarda fronteiriça bielorrussa.

Segundo Minsk, o encerramento desses postos fronteiriços causa “o aumento das filas de espera para entrar na Lituânia” e “atrasos no desalfandegamento” das mercadorias.

“Ao tomar tais decisões, a Lituânia está deliberadamente a criar barreiras artificiais na fronteira para servir os seus objetivos políticos”, criticou ainda a guarda fronteiriça bielorrussa.

Nos ‘media’ lituanos, considera-se que a decisão sobre estas duas passagens fronteiriças poderá ser o primeiro passo para o encerramento completo da fronteira com a Bielorrússia.

As tensões vêm crescendo há várias semanas entre a Bielorrússia e os seus vizinhos da União Europeia (UE), a Lituânia e a Polónia, que já erigiram vedações ao longo das suas fronteiras, tencionando Varsóvia para lá destacar 10.000 soldados, por temer não só o grupo Wagner como um novo afluxo de migrantes para a UE.

O ‘site’ da Internet da radiotelevisão pública lituana Lrt.lt citou a ministra do Interior dizendo que os países bálticos e a Polónia estão a debater a possibilidade de encerrar completamente as fronteiras com a Bielorrússia e que os pormenores finais serão acertados numa reunião em Varsóvia a 28 de agosto.

As informações sobre a presença e as atividades do grupo Wagner na Bielorrússia são contraditórias, apesar de o Serviço Estatal de Guarda de Fronteiras lituano estimar que o número de mercenários pode rondar os 4.500.

O anúncio do encerramento dos dois postos fronteiriços lituanos surgiu na mesma altura em que, na Letónia, foram canceladas licenças aos guardas fronteiriços e se reforçou o número de efetivos na fronteira com a Bielorrússia, após ser detetado um aumento das travessias ilegais.

A concentração de migrantes do Médio Oriente e de outros locais incentivada pela Bielorrússia nas fronteiras com a Lituânia, a Letónia e a Polónia é considerada uma tática de “guerra híbrida” destinada a sobrecarregar a guarda fronteiriça e os serviços sociais dos países que acolhem dissidentes bielorrussos e apoiam a Ucrânia na guerra que esta trava para se defender da agressão da Rússia, iniciada a 24 de fevereiro de 2022.