Um novo livro sobre as relações do presidente norte-americano com as forças armadas dos Estados Unidos revela que Donald Trump terá pedido a evacuação da capital sul-coreana, Seul, durante a crise nas relações entre os EUA e a Coreia do Norte.

O autor do livro “Trump e os seus generais: o custo do caos”, numa tradução livre, é especialista em segurança nacional e contra-terrorismo. Peter Bergen, conhecido por ter sido o primeiro jornalista a entrevistar Osama bin Laden, em 1997, afirma que Trump pediu a retirada das famílias de funcionários norte-americanos na Coreia do Sul.

Os desejos do presidente norte-americano, no entanto, foram ignorados pelos oficiais de topo, porque poderiam ser interpretados como ações a caminho de uma guerra, conta esta terça-feira o diário britânico ‘The Guardian’.

Bergen descreve uma reunião no gabinete do presidente dos Estados Unidos, onde Trump ficou a conhecer modelos que ilustravam os programas balísticos norte-coreanos. Donald Trump terá também sido informado de que as ações norte-americanas contra Pyongyang estavam limitadas pela proximidade da capital sul-coreana (país amigo dos EUA), que podia ser atingida pelos mísseis de Kim Jong Un.

Trump terá, então, dito que “eles têm de sair”, conta Bergen, que acrescenta que os oficiais do presidente norte-americano não tiveram de imediato a certeza de que estivesse a falar a sério. Todavia, Trump falava mesmo a sério e terá insistido: “Eles têm de sair!”

Contudo, nada foi feito em reação às palavras do presidente — mesmo enquanto as relações entre os dois países azedavam.

Depois de um general reformado — Jack Keane — dizer, numa entrevista ao canal de informação Fox News, em janeiro de 2018, que os militares norte-americanos em missão na Coreia do Sul não deveriam levar as famílias com eles, Trump terá dito, segundo Bergen, que queria a retirada de todos os civis norte-americanos da Coreia do Sul.

Um oficial sénior ainda alertou que tal medida iria ser interpretada como um sinal de que os Estados Unidos se estavam a preparar para ir para a guerra, para além de esmagar a bolsa sul-coreana. Porém, Donald Trump terá na mesma dito para avançar.

Bergen explica que, alarmados, os oficiais do Pentágono ignoraram a ordem, acabando o presidente por abandonar a ideia.

Numa altura em que as tensões entre Washington e Pyongyang estão mais uma vez a crescer, este livro junta-se às séries de relatos sobre a liderança da segurança nacional norte-americana por Trump.

Depois de mais de um ano de aparente aproximação, a Coreia do Norte ameaça reiniciar os testes balísticos e Donald Trump recuperou o epíteto “Homem-Foguete” para descrever o líder norte-coreano.