“Acho que o CDS deve voltar à sua identidade, deve conseguir ser uma casa onde não há tensões ideológicas entre as grandes famílias que sempre estiveram presentes no CDS. O CDS só tem a ganhar se conseguir manter essa diversidade e essa pluralidade interna que é o que hoje faz sentido em termos de diferenciação do próprio CDS em relação a outras forças políticas”, disse Filipe Lobo D’Ávila.
Em declarações à agência Lusa, o candidato à liderança no congresso de 25 e 26 de janeiro de 2020 considerou que “o CDS que vale a pena é um CDS partido plural, sem segregações, sem disputas doutrinárias inúteis”.
Já numa publicação feita esta tarde pelo antigo deputado na rede social Facebook, lê-se que o candidato defende que o CDS “não deve pretender ser uma cópia barata de partidos de protesto e de retórica fácil”.
Nessa publicação, Filipe Lobo D’Ávila, que quer suceder a Assunção Cristas, não refere, em nenhum dos mais de dez parágrafos do texto, a sigla ‘PP’, que corresponde a ‘Partido Popular’, e que integra a designação oficial do partido, adicionada à sigla ‘CDS’ [Centro Democrático Social] quando Manuel Monteiro era líder.
Questionado sobre se defende a saída do ‘PP’ da designação do partido, Filipe Lobo D’Ávila admitiu que sim, embora considere que o ato pode ser “meramente simbólico” e garanta que não quer “negar qualquer período da história do partido”.
“Essa foi uma circunstância que surgiu por força da história do partido nos na os 1990 e aquilo que defendo é que o CDS possa regressar apenas e tão só à designação CDS, deixando cair o PP. É uma ideia simples, uma simplificação da nossa marca”, referiu o candidato que criou um grupo crítico da ainda liderança do CDS, o Juntos pelo Futuro.
No texto que publicou no Facebook, Lobo d`Ávila sustentou que o CDS "que vale a pena é o partido que retoma a marca CDS, com orgulho no passado e esperança no futuro. Não é o CDS-PP, o PP ou outra qualquer criatividade do momento".
À Lusa, Filipe Lobo D’Ávila sublinhou que com esta medida pretende “recuperar e ajudar a reerguer” o CDS que “as pessoas facilmente conseguem identificar”, promovendo “um regresso à democracia cristã”.
O candidato recusou, porém, a ideia de que desta forma esteja a distanciar-se do CDS-PP de Paulo Portas, um dos líderes históricos do partido.
“Não renego o `portismo´, faço parte dessa história. Não há aqui nenhuma ideia de querer privilegiar uma determinada história em função da outra. O CDS é a soma dessas histórias e de todas as lideranças que teve. Com Paulo Portas o CDS foi Governo por duas vezes nos últimos 20 anos. Com Paulo Portas o CDS voltou a ter resultados eleitorais significativos que honram o partido e toda uma geração”, acrescentou.
O candidato explicou que quer evitar "a tentação de fazer cópias", afirmando que “uma cópia é sempre pior que o original” e que o CDS “não pode querer ser um Chega dois ou um Iniciativa Liberal dois”.
“O CDS é completamente diferente dos partidos que existem novos e é completamente diferente dos partidos que já existiam e fizeram parte da democracia portuguesa ao longo dos anos. O CDS tem de se conseguir afirmar pela sua diferença, não querendo ser um partido de protesto ou um partido de franjas”, concluiu.
Há, até ao momento cinco candidatos à sucessão de Cristas - João Almeida, deputado e porta-voz do partido, Filipe Lobo d’Ávila, Matos Santos, da Tendência Esperança em Movimento (TEM), Carlos Meira, ex-líder da concelhia de Viana do Castelo e o líder da Juventude Popular (JP), Francisco Rodrigues dos Santos.
Comentários