"Neste momento, não está em curso qualquer processo de reavaliação de idoneidade relativamente aos membros dos órgãos sociais do EuroBic" (dos quais o presidente faz parte), pode ler-se numa resposta do Banco de Portugal a perguntas da agência Lusa.
Nas respostas enviadas à Lusa, o supervisor do setor bancário reiterou que pediu ao EuroBic informações relativas ao modo como cumpriu as normas de prevenção de branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo e que retirará as necessárias consequências.
"O Banco de Portugal pediu ao EuroBic informação que permita avaliar o modo como a referida instituição analisou e deu cumprimento aos deveres a que está sujeita em matéria de prevenção do branqueamento de capitais e de financiamento de terrorismo", pode ler-se noutra das respostas enviadas à Lusa, relativas às operações mencionadas nos 'Luanda Leaks'.
A instituição liderada por Carlos Costa confirmou ainda que, "depois de receber a informação solicitada, o Banco de Portugal fará a devida avaliação e retirará as necessárias consequências".
O Consórcio Internacional de Jornalismo de Investigação (ICIJ) revelou no domingo mais de 715 mil ficheiros, sob o nome de ‘Luanda Leaks’, que detalham esquemas financeiros de Isabel dos Santos e do marido, Sindika Dokolo, que terão permitido retirar dinheiro do erário público angolano, utilizando paraísos fiscais.
Isabel dos Santos disse estar a ser vítima de um ataque político e sustentou que as alegações feitas contra si são “completamente infundadas”, prometendo recorrer à justiça.
Na quarta-feira, a Procuradoria-Geral da República angolana anunciou que Isabel dos Santos foi constituída arguida num processo em que é acusada de má gestão e desvio de fundos da companhia petrolífera estatal Sonangol e que visa também portugueses alegadamente facilitadores dos negócios da filha do ex-Presidente José Eduardo dos Santos.
Na quinta-feira, o procurador-geral da República angolano, Hélder Pitta Grós, encontrou-se em Lisboa com a homóloga portuguesa, Lucília Gago, para analisar este e outros casos, e manteve-se em silêncio após a reunião.
De acordo com a investigação do consórcio, do qual fazem parte o Expresso e a SIC, Isabel dos Santos terá montado um esquema de ocultação que lhe permitiu desviar mais de 100 milhões de dólares (90 milhões de euros) para uma empresa sediada no Dubai e que tinha como única acionista declarada Paula Oliveira, pessoa próxima de Isabel dos Santos.
A investigação revela ainda que, em menos de 24 horas, a conta da Sonangol no EuroBic Lisboa, banco de que Isabel dos Santos é a principal acionista, foi esvaziada e ficou com saldo negativo no dia seguinte à demissão da empresária da petrolífera angolana. O EuroBic já anunciou que a empresária vai abandonar a estrutura acionista.
Na segunda-feira, o EuroBic decidiu terminar as relações comerciais com entidades e pessoas ligadas à empresária Isabel dos Santos.
O Banco de Portugal já tinha afirmado, no mesmo dia, que "retirará as devidas consequências, nomeadamente em matéria prudencial e contraordenacional", da informação recebida do EuroBic.
(Notícia atualizada às 14h06)
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