Atenta aos últimos resultados provisórios divulgados ao final da manhã pela porta-voz da CNE, Júlia Ferreira, esteve a agente dos serviços penitenciários Juzélia Pires, de 23 anos, que espera do próximo Governo mais oportunidades para jovens da sua faixa etária.
“A gente espera melhorias, espera que no novo Governo as coisas mudem positivamente, estamos à espera de melhores condições para nós jovens. A expectativa é muita, sobretudo para a juventude”, disse, em declarações à Lusa.
Já Manuel Rufino da Conceição, de 71 anos, diz ter participado ativamente em todas as quatro eleições realizadas em Angola e agora espera que João Lourenço – segundo dados da CNE, vencedor das eleições pelo MPLA, mas que ainda não fez o anúncio de vitória – demonstra que “a mudança não foi em vão”.
“Esperamos que ele [João Lourenço] trabalhe bem. Todos nós estamos com expectativas muito altas, só esperamos dele um bom trabalho, e acima de tudo criar emprego para a nossa juventude que está com muita força e precisa de trabalhar, aliás é preciso lembrar que o João Lourenço também foi jovem e os jovens devem sempre merecer uma especial atenção”, apontou.
Numa ronda pela cidade de Luanda, feita hoje pela Lusa, não se vislumbra qualquer sinal de festa pela vitória, apenas um reforço da polícia em alguns locais, como o Largo da Independência, que se encontra vedado e com equipas cinotécnicas.
O MPLA venceu as eleições gerais angolanas com 61,70% dos votos, de acordo com a atualização dos dados provisórios da votação de quarta-feira, divulgada hoje pela CNE, elegendo João Lourenço como o próximo Presidente da República, sucedendo a 38 anos de liderança de José Eduardo dos Santos, pelo mesmo partido.
No entanto, os resultados definitivos só deverão ser anunciados a 06 de setembro.
De acordo com os dados avançados pela porta-voz da CNE, Júlia Ferreira, quando estão escrutinados 9.114.386 votos (97,82% do total), o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) lidera a contagem nacional, com 4.071.525 votos (61,10%), seguido da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), com 1.780.038 votos (26,71%).
Com este resultado, que corresponde a um total de 150 mandatos para o MPLA, o partido no governo em Angola consegue também manter a maioria qualificada (acima dos 147 deputados eleitos), apesar da forte quebra da votação face às eleições gerais de 2012.
“Bem-estar para os filhos, netos e para os idosos” é o que espera Cecília Romão, de 78 anos, que também acompanhou o anúncio dos resultados pela televisão.
“É preciso estarmos bem e circularmos a vontade pelas ruas como estamos a ver. As promessas que se fizerem durante a campanha não sei se vão cumprir, mas vamos entregar tudo na mão de Deus”, sublinhou.
A UNITA mantém-se como segunda força política de Angola, com a lista liderada por Isaías Samakuva, segundo os dados provisórios da CNE, a subir para 51 deputados.
Na terceira posição surge a Convergência Ampla de Salvação de Angola – Coligação Eleitoral (CASA-CE) com 630.234 votos (9,46%) e 16 deputados, mantendo-se na quarta posição o Partido de Renovação Social (PRS), com 88.717 votos (1,33%) e dois deputados.
A histórica Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) viu a votação descer para 60.293 votos (0,90%) e perdeu um dos dois deputados que tinha das últimas eleições.
Fora do parlamento angolano, na contagem provisória, fica a estreante Aliança Patriótica Nacional (APN), arrecadando 32.727 votos (0,49%).
Além da eleição de João Lourenço como Presidente da República, sucedendo a 38 anos de liderança de José Eduardo dos Santos, enquanto cabeça-de-lista do MPLA pelo círculo nacional, estes dados apontam para a eleição de Bornito de Sousa, número dois da lista daquele partido, para vice-Presidente da República.
Os dados nacionais apontam ainda para uma abstenção global de 23,41%, equivalente a 2.134.057 eleitores que não foram às urnas na quarta-feira, num universo de 9.317.294 em condições de o fazer.
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