Em comunicado, a Direção-Geral de Saúde avança que "foi informada de um caso confirmado de COVID-19 no Principado das Astúrias, posteriormente identificado como sendo o escritor Luís Sepúlveda, que teve estadia na Região Norte de Portugal durante os dias 18 e 23 de fevereiro".

O diagnóstico laboratorial do escritor "foi positivo, aguardando confirmação pelo respetivo laboratório nacional de referência".

Informa a DGS que "de acordo com a informação disponibilizada pelas Autoridades de Saúde de Espanha, o caso teve início de sintomas a 25 de fevereiro. A mulher do escritor parece também ter sintomatologia compatível, encontrando-se sob investigação. A fonte de infeção está também a ser avaliada". 

Assim, "a DGS mantém-se em contacto com as Autoridades de Saúde de Espanha" e a "Autoridade de Saúde da Região Norte deu início à Investigação Epidemiológica, ou seja, identificando os contactos próximos do doente e da mulher".

A DGS apela ainda "à serenidade e a todos os cidadãos que estiveram em contacto próximo* com os doentes, e que se enquadram na definição, que liguem para a linha SNS24 (808 24 24 24)".

A par, também em comunicado, o Município da Póvoa de Varzim, organizador do evento Correntes d’ Escritas, informa que, "na sequência da notícia sobre a confirmação de que o autor Luís Sepúlveda está infetado com o coronavírus", foi "constituído um grupo de acompanhamento, em contacto direto com as entidades responsáveis de saúde local, regional e nacional".

Informa ainda a Câmara que foi "definido que toda a comunicação sobre este assunto será tratada diretamente pela Direção Geral de Saúde". "Este grupo de trabalho seguirá todas as recomendações que, a cada momento, a Direção Geral de Saúde recomendar", acrescenta.

O Governo das Astúrias confirmou no sábado o primeiro caso de infeção pelo novo coronavírus na região, que, segundo a imprensa espanhola, se trata do escritor chileno Luis Sepúlveda, que esteve recentemente em Portugal.

De acordo com o jornal La Voz de Asturias, Luis Sepúlveda é o primeiro caso confirmado na região, estando o escritor em isolamento no Hospital Universitário Central das Astúrias, em Oviedo. Num primeiro momento, o escritor procurou ajuda junto da Clínica Covadonga.

O escritor e a mulher estiverem na Póvoa do Varzim (distrito do Porto), no festival Correntes d’Escritas, entre 18 e 23 de fevereiro, e os primeiros sintomas surgiram no dia 25, segundo a edição 'online' da publicação, tendo Luis Sepúlveda procurado ajuda médica dois dias depois. A mulher, a poetisa Carmen Yáñez, de 66 anos, também se encontra em isolamento naquela unidade de saúde, não estando ainda confirmado que está infetada.

Segundo a esposa do escritor, citada pela imprensa espanhola, este está "está bem".

O serviço de vigilância epidemiológica espanhol identificou quatro a seis pessoas do círculo próximo do escritor, além dos profissionais que o ajudaram na clínica, assim como oito a nove outras pessoas com quem manteve contacto pessoal. Todas estas pessoas estão a ser monitorizadas para eventuais sintomas, sendo que neste momento devem restringir a sua vida social.

Em declarações ao Expresso, Manuela Ribeiro, da organização do festival disse que foi apanhada de surpresa pela notícia: "Parece-me muito clara a nossa obrigação de informar todas as pessoas que estiveram envolvidas no festival, desde escritores a público... toda a gente, no fundo. Iremos ter uma ideia mais clara do que fazer após reunião com o vereador da Câmara Municipal", disse.

Manuela Ribeiro disse ainda ao Semanário que quando se despediu do escritor este já estava bastante engripado. “O Luis já estava bastante constipado quando nos despedimos. (...) ninguém sabe de onde poderá ter vindo o vírus - ou até que o tenha contraído mais tarde, inclusive”, acrescenta.

Segundo dados de sábado da Organização Mundial de Saúde, Espanha tem atualmente 45 casos confirmados de infeção, não havendo registo de vítimas mortais.

O surto de Covid-19, detetado em dezembro na China e que pode causar infeções respiratórias como pneumonia, provocou pelo menos 2.933 mortos e infetou mais de 85 mil pessoas, de acordo com dados reportados por 58 países e territórios e divulgados às 16:00 de sábado pela Organização Mundial de Saúde.

Das pessoas infetadas, mais de 39 mil recuperaram.

Além de 2.870 mortos na China, há registo de vítimas mortais no Irão, Coreia do Sul, Itália, Japão, Filipinas, França, Hong Kong e Taiwan e, desde hoje, há também uma vítima nos Estados Unidos da América.

Dois portugueses tripulantes de um navio de cruzeiros foram hospitalizados no Japão com confirmação de infeção, sendo que um deles já recuperou.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou o surto de Covid-19 como uma emergência de saúde pública internacional e aumentou o risco para “muito elevado”.

Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) registou 70 casos suspeitos de infeção, três dos quais ainda estavam em estudo sábado.

Os restantes 67 casos suspeitos não se confirmaram, após testes negativos.

A DGS manteve na sexta-feira o risco da epidemia para a saúde pública em “moderado a elevado”.

De referir que a DGS lançou um microsite sobre o novo coronavírus (Covid-19), onde os portugueses podem acompanhar a evolução da infeção em Portugal e no mundo e esclarecer dúvidas sobre a doença.

Em Portugal, quem suspeitar estar infetado ou tiver sintomas - que incluem febre, dores no corpo e cansaço - deve contactar a linha SNS24 através do número 808 24 24 24 para ser direcionado pelos profissionais de saúde. Não se dirija aos serviços de urgência, pede a Direção-geral de Saúde.

Entre as recomendações de saúde para evitar infeções está: Lavagem frequente das mãos com detergente, sabão ou soluções à base de álcool; Ao tossir ou espirrar, fazê-lo não para as mãos, mas para o cotovelo ou para um lenço descartável que deve ser deitado fora de imediato; Evitar contacto próximo com quem tem febre ou tosse; Evitar contacto direito com animais vivos em mercados de áreas afetadas por surtos; Deve ser evitado o consumo de produtos de animais crus, sobretudo carne e ovos; Caso se dirija a uma unidade de saúde com suspeitas de infeção ou sintomas deve informar de imediato o segurança ou o administrativo.

A Direção-Geral da Saúde  ativou os hospitais de Santa Maria, S. José (Lisboa), Coimbra e Santo António (Porto) para validar casos suspeitos de infeção pelo novo coronavírus (Covid-19). Tratam-se de hospitais de referência de "segunda linha" para a contenção da infeção. A partir de 26 de fevereiro, o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra e o Hospital Curry Cabral, em Lisboa, passam a poder fazer análises laboratoriais aos casos suspeitos. Até à data, as análises eram feitas no Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, em Lisboa, e, mais recentemente, no Hospital S. João, no Porto. Atualmente existem 2.000 quartos de isolamento nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde.  O Serviço Regional de Saúde dos Açores disponibilizou 80 quartos de isolamento. A Madeira já apresentou também o seu plano de contingência.

A Direção-Geral da Saúde emitiu ainda recomendações às empresas por causa do coronavírus, aconselhando-as a definir planos de contingência para casos suspeitos entre os trabalhadores que contemplem zonas de isolamento e regras específicas de higiene, evitando reuniões em sala. Saiba mais aqui.

Acompanhe a evolução de casos confirmados de infeção, mortes registadas e casos de recuperação, em permanente atualização, aqui.

(Notícia atualizada às 13:24 com informação da Direção-Geral de Saúde)