No mesmo dia, o MAAT inaugura também a exposição “Meia-Noite”, com um conjunto de obras de Mariana Caló e Francisco Queimadela, na qual são exploradas diversas tecnologias de visão noturna, num contexto da fase de transição da noite para o dia.

Para assinalar os 20 anos de carreira do artista Vasco Araújo, o MAAT apresenta “Momento à parte”, uma exposição que reúne um conjunto de obras de pintura, escultura, instalação, vídeo e fotografia.

A exposição inclui, desde o primeiro filme que realizou na escola Maumaus, “O Carteiro Toca Sempre Duas Vezes” (2000), até trabalhos inéditos que realizou especialmente para o MAAT.

Com curadoria de Inês Grosso e Ana Cristina Cachola, a exposição inclui trabalhos que recorrem a referências literárias, históricas e culturais, como a mitologia greco-romana ou a música erudita, com um enfoque particular no género operático, que tem marcado a carreira do artista.

O público poderá ver a vídeo instalação “Sabine/Brunilde” (2003) que realizou no contexto da exposição da 3.ª edição do Prémio Novos Artistas da Fundação EDP, do qual foi vencedor.

Nascido na geração de artistas no pós-25 de Abril, Vasco Araújo irá mostrar o percurso de uma obra original que tem passado por vários museus do país, nomeadamente a Fundação Calouste Gulbenkian e o Museu de Lisboa.

No dia da inauguração da exposição, acontecerá, pelas 19:00, a performance “Libertas — da condição do homem livre”, que marcará, de forma poética, a abertura da exposição.

Mais de 200 pessoas juntar-se-ão para cantar o “Coro Dos Escravos Hebreus”, da ópera “Nabucco”, de Giuseppe Verdi, fazendo o percurso que se inicia com uma travessia do Rio Tejo, e prossegue pela frente ribeirinha, até à Praça do Carvão da Central Tejo.

Este coro improvisado resulta das inscrições da população realizadas durante o mês de maio, num ´open call´ realizado pelo MAAT, e os participantes cantarão em conjunto com o Coro Sinfónico Lisboa Cantat.

O título da exposição remete para um antigo recurso teatral, atualmente em desuso, mas utilizado no teatro renascentista – o aparte –, através do qual a personagem partilha com o público uma confidência, segredo ou comentário em voz alta, de acordo com um texto divulgado pelo MAAT.

“Momento à parte” é também o título de uma das obras produzidas especialmente para esta exposição, que espalha, pelo espaço do museu, o som de um riso que pode ser “contagiante, incontrolável, ensurdecedor, assustador”, aponta o museu, citando a curadora Ana Cristina Cachola.

Ainda segundo a curadora, “o riso que se lê, vê e ouve nas diversas componentes de ‘Momento à parte’ — a peça — materializa esta distância empática que mostra que a intimidade é política, a voz é corpo e a ficção não é um momento à parte da vida”.

No âmbito da exposição, será ainda lançado um livro com ensaios inéditos produzidos pelas curadoras da exposição e pelo curador e crítico de arte brasileiro Ivo Mesquita, incluindo ainda um conjunto de reflexões de personalidades ligadas às artes visuais e performativas, à história e à literatura e que, ao longo das últimas duas décadas, têm acompanhado de perto o percurso do artista.

A exposição “Meia-noite”, de Mariana Caló e Francisco Queimadela, que é inaugurada também na terça-feira e abre ao público no dia seguinte, com curadoria de Filipa Ramos, “situa-se, simbolicamente, na fase de transição da noite para o dia, momento em que, no imaginário popular, as relações entre vários seres e mundos são porosas”.

Mariana Caló e Francisco Queimadela desenvolvem uma prática pluridisciplinar e multifacetada e criam instalações que combinam filmes, vídeos e imagens fixas com outros suportes, como o desenho, a pintura e a escultura.

Foram finalistas do Prémio Novos Artistas Fundação EDP em 2013.

As suas obras “interrogam as possibilidades da pesquisa artística como metodologia de produção de conhecimento, situando-se num espaço onde o lógico e o ilógico, o empírico e o teórico, o animal e o humano, o pessoal e o universal são indistinguíveis”, segundo o museu.

As preocupações ambientais e o interesse pelo diálogo entre o biológico, o vernacular e o cultural são elementos recorrentes no seu trabalho.

Nesta exposição, apresentam um novo corpo de trabalho feito especificamente para este projeto expositivo e em diálogo com a arquitetura industrial do espaço Cinzeiro 8.

À entrada, duas projeções sincronizadas justapõem cianotipias de plantas a imagens de animais realizadas a partir de sequências captadas com iluminadores infravermelhos de videovigilância e posteriormente transferidas para filme de 16 milímetros a preto-e-branco.

As duas exposições ficam patentes até 09 de setembro no MAAT.