O Presidente francês, Emmanuel Macron, adiou a sua visita de Estado à Alemanha, prevista entre domingo e terça-feira, devido aos tumultos que assolam o país em consequência da morte de um jovem pela polícia.

“O presidente francês Macron falou hoje ao telefone com o Presidente alemão Steinmeier e informou-o sobre a situação no seu país. O presidente Macron pediu o adiamento da sua visita de Estado prevista para a Alemanha”, indicou a presidência alemã em comunicado citado pela AFP.

Na passada terça-feira, Nahel, um jovem de 17 anos de origem árabe, foi mortalmente baleado por um agente da polícia, quando tentava fugir de um posto de controlo policial em Nanterre, nos arredores de Paris.

As imagens do adolescente francês baleado mortalmente pela polícia, registadas por testemunhas, provocaram uma forte indignação em França, que degenerou em tumultos, especialmente nos bairros populares das grandes cidades e na cintura metropolitana de Paris.

O Ministério do Interior de França atualizou hoje de 994 para 1.311 o número total de detenções feitas na sexta-feira ligadas aos tumultos que assolam França desde terça-feira.

O Governo francês enviou na sexta-feira cerca de 45.000 polícias para todo o país para tentar controlar a violência, mas não conseguiu impedir que, durante a noite, jovens manifestantes entrassem em confronto com forças policiais, ateassem cerca de 2.500 fogos, saqueassem lojas e provocassem ferimentos em 79 agentes.

Segundo o Ministério do Interior, "79 polícias e gendarmes ficaram feridos", cerca de 1.350 veículos foram incendiados, 234 edifícios foram queimados ou danificados e cerca de 2.560 incêndios foram registados na via pública.

Marselha, a segunda maior cidade do sul de França, teve uma noite agitada, o que levou o ministro francês do Interior, Gérard Darmanin, a enviar reforços para a cidade.

A polícia já tinha registado 88 detenções por volta das 02:00 (01:00 em Lisboa) desde o início da noite, com grupos de jovens muitas vezes mascarados e "muito móveis".

As cerimónias fúnebres de Nahel começaram hoje com um velório privado, a que se seguirá uma cerimónia na mesquita e o enterro num cemitério local.

"Sábado, 01 de julho, será um dia de luto para a família de Nahel", escreveram os advogados da família, apelando aos meios de comunicação social para que não participem na cerimónia, "a fim de dar à família enlutada a privacidade e o respeito de que necessita".