As ações de rua, em contacto com a população, na maioria no Funchal, marcam a agenda do 13.º dia da campanha, que começou no dia 9 de março, embora estejam também previstas reuniões e visitas em instituições e equipamentos e comícios.
Porquê estas eleições?
As eleições antecipadas ocorrem 10 meses após as anteriores, na sequência da aprovação de uma moção de censura apresentada pelo Chega - que a justificou com as investigações judiciais envolvendo membros do Governo Regional, inclusive o presidente, Miguel Albuquerque (PSD) – e da dissolução da Assembleia Legislativa pelo Presidente da República.
Albuquerque, sucessor de Alberto João Jardim, governa desde 2015, quando conseguiu garantir pela única vez uma maioria absoluta (24 assentos) apenas com os resultados eleitorais.
Em 2019, para garantir essa meta detida pelos sociais-democratas desde 1976 foi necessário formar um governo de coligação com o CDS e nas regionais seguintes, em 2023, com os dois partidos a concorrer juntos, só um acordo de incidência parlamentar com o PAN permitiu segurar a vantagem.
Foi a retirada de confiança política do PAN que levou Albuquerque a demitir-se, no início de 2024, após ser conhecida a sua condição de arguido num processo sobre corrupção. Em maio, ganhou novamente, mas nem um acordo com o CDS foi suficiente para a maioria absoluta.
Nas legislativas regionais, o representante da República, cargo ocupado por Ireneu Barreto, convida uma força política a formar governo em função dos resultados (que têm de ser publicados), após a auscultação dos partidos com assento parlamentar.
Que forças políticas estão a concorrer?
Por ordem do boletim de voto, CDU (PCP/PEV), PSD, Livre, JPP, Nova Direita, PAN, Força Madeira (PTP/MPT/RIR), PS, IL, PPM, BE, Chega, ADN e CDS são as forças políticas a concorrer no círculo eleitoral único do arquipélago.
O PSD tem atualmente 19 eleitos regionais, o PS 11, o JPP nove, o Chega três e o CDS dois. PAN e IL têm um assento e há ainda uma deputada independente (ex-Chega).
Quantos eleitores são chamados às urnas?
Mais de 255 mil eleitores estão inscritos para votar, de acordo com os dados do recenseamento da Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna.
O que dizem os partidos sobre as eleições?
- BE
O cabeça de lista do BE às regionais antecipadas da Madeira, Roberto Almada, disse hoje que partido “está à beira” de regressar ao parlamento insular, apelando ao voto no partido caso os eleitores não queiram “deputados moles”.
Também a coordenadora nacional do BE, Mariana Mortágua, alertou hoje que “um voto muda tudo”, salientando que “por um voto” o partido poderá regressar ao parlamento da Madeira depois das eleições regionais antecipadas de domingo.
- IL
O cabeça de lista da Iniciativa Liberal (IL) às eleições na Madeira, Gonçalo Camelo, admitiu que o resultado expectável é o PSD ser o partido mais votado, reafirmando estar disponível para viabilizar uma alternativa governativa.
Gonçalo Camelo assegurou que esta “não é uma questão pessoal com o Dr. Miguel Albuquerque, é uma questão objetiva” porque, “se não se mudar o que tem acontecido nos últimos tempos”, a Madeira volta a ter “o mesmo problema”.
- Força Madeira
A cabeça de lista do Força Madeira (PTP/MPT/RIR) às eleições de domingo no arquipélago considerou ser altura de “correr com o Ali Babá e os 40 ladrões” do Governo Regional do PSD.
Segundo Raquel Coelho, a coligação que representa está “convencida” de que vai conseguir eleger uma representação parlamentar na Assembleia Legislativa da Madeira no domingo para ser “o fiel da balança”.
- PS
O cabeça de lista do PS às eleições regionais da Madeira, Paulo Cafôfo, manifestou-se convicto de que vai liderar uma solução governativa, assumindo que o JPP será o primeiro partido que vai contactar após o sufrágio.
“O Partido Socialista é o maior partido da oposição. O Partido Socialista tem tido sempre, nesta liderança da oposição, uma posição responsável. E, por essa razão, eu acredito que vamos liderar, e vou sublinhar a palavra, vamos liderar uma solução governativa no domingo”, vincou.
- CDS-PP
O cabeça de lista do CDS-PP às eleições, José Manuel Rodrigues, disse hoje que o partido “deu tudo por tudo” na campanha para acentuar o seu “sentido de responsabilidade” e mostrou-se confiante na eleição.
“As sondagens em Portugal nunca são favoráveis ao CDS e é por isso que o CDS diz sempre, repetindo até à exaustão, que a verdadeira sondagem é o dia da eleição”, disse, mostrando-se seguro no reforço da votação, embora os estudos de opinião divulgados esta semana pelos matutinos regionais JM e Diário de Notícias da Madeira apontem no sentido contrário.
- PSD
O cabeça de lista do PSD às eleições regionais, Miguel Albuquerque, considerou que os eleitores já decidiram o seu voto e que uma maioria do PSD é a “única credível” para a região.
Miguel Albuquerque declarou ter “fé no bom senso e sentido de responsabilidade das pessoas”.
“A democracia é um regime que imputa a cada um de nós a responsabilidade na condução dos destinos dos países e das regiões. E as pessoas, ou votam bem ou votam mal. Quando votam mal, quem sofre as consequências é a própria população. É um regime de corresponsabilização”, argumentou.
- Chega
O líder do Chega, André Ventura, considerou que as eleições regionais da Madeira são um sinal que o partido “não tem medo de assumir a luta contra a corrupção”, sublinhando que esse combate é ainda mais importante que a estabilidade.
André Ventura disse ainda estar “muito confiante” relativamente ao resultado do partido nas eleições antecipadas de domingo, onde apresenta como cabeça de lista o líder da estrutura regional, Miguel Castro, apesar de se estar “num momento nacional e também regional complexo”.
- PAN
A cabeça de lista do PAN às eleições regionais apelou ao voto “em quem faz a diferença”, salientando que sem o partido na Assembleia Legislativa muitas questões fundamentais ficariam “invisíveis no parlamento”.
"O PAN tem sido um partido de causas, de trabalho, de propostas e de avanços concretos para uma sociedade mais justa. Sem a nossa presença, muitas destas questões fundamentais continuariam invisíveis no parlamento. É urgente votar em quem faz a diferença", refere Mónica Freitas.
- CDU
O cabeça de lista da CDU às regionais da Madeira pediu aos eleitores que deem voz à coligação, para que a realidade das desigualdades e a “crueldade da pobreza” no arquipélago “não sejam apagadas” do parlamento insular.
“Há uma realidade que é indesmentível: nós somos a região mais desigual do país, somos a região onde a pobreza é mais cruel, onde os salários são mais baixos, onde as pensões são as mais baixas e isso não tem de ser assim. Portanto, está nas mãos das pessoas, do povo, decidir da possibilidade de isto ter no parlamento voz e força, para que esta realidade não seja apagada do parlamento”, defendeu Edgar Silva.
- Livre
O porta-voz do Livre, Rui Tavares, assegurou que o partido está disponível para fazer parte de uma solução de progresso e democracia na Madeira, referindo que se isso não for possível o lugar de oposição também é importante.
“O que dizemos na República como um todo é o que dizemos também aqui na Região Autónoma da Madeira. Se houver uma maioria de progresso, que é uma maioria de democracia, que é uma maioria de defesa do ambiente, nós somos parte da solução”, afirmou Rui Tavares.
- ADN
O cabeça de lista da Alternativa Democrática Nacional (ADN), Miguel Pita, considerou que a campanha eleitoral foi “muito fraca”, com foco na ofensa pessoal.
“A campanha foi muito pobre, muito fraca, apostou-se muito na ofensa pessoal, vimos cartazes que não cativam o eleitorado”, disse o candidato.
Segundo o responsável do ADN, o objetivo das campanhas eleitorais é “conquistar a abstenção”, mas o que está a acontecer nesta em curso é o inverso, está a “provocar abstenção”.
- JPP
O cabeça de lista do Juntos Pelo Povo (JPP), Élvio Sousa, apelou ao voto num partido fundado na região para governar pela primeira vez o arquipélago.
“A mensagem que gostaria de transmitir é que, se os madeirenses confiarem em nós para uma maioria de confiança, (…) está na altura e os madeirenses precisam, merecem e nós merecemos, que um partido fundado na Madeira governe pela primeira vez a Madeira”, afirmou o candidato.
*Com Lusa
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