“Estou muito triste, tenho de o dizer”, disse Albright numa conferência de imprensa à margem das Conferências do Estoril, em resposta a uma pergunta sobre como se sente em relação à administração do presidente norte-americano, Donald Trump.
A diplomata, que já tinha criticado publicamente medidas de Trump como a proibição de entrada nos EUA de cidadãos de sete países de maioria muçulmana, evocou a sua experiência como “norte-americana naturalizada”, “imigrante”, que sempre achou “notável” e “um orgulho” ter podido chegar ao cargo de secretária de Estado.
“Por isso perturba-me muito o tipo de abordagem que os EUA estão a ter agora e estou muito triste com as coisas que aconteceram durante esta viagem” de Trump à Europa, a qual já tinha criticado na palestra que deu nas Conferências do Estoril.
Na palestra, dada pouco antes, Albright frisou a sua preocupação com o futuro da parceria transatlântica e criticou Trump por não ter afirmado o seu compromisso com o artigo V da NATO [um ataque contra um aliado é um ataque contra todos os aliados] e pela “falta de clareza” na Cimeira do G7 em relação ao Acordo de Paris sobre o Clima.
Já na conferência de imprensa, Albright reiterou esperar que “não seja verdade” que Donald Trump pretenda retirar-se do Acordo de Paris, sublinhando que os EUA, um dos principais produtores mundiais de gases com efeito de estufa, “devem liderar em muitas questões” e o clima é uma delas.
Madeleine Albright sublinhou, na resposta a uma outra pergunta, que “a capacidade de resistência das democracias depende de uma imprensa livre” e que a questão mais premente neste contexto é “como convencer as pessoas de que precisam de ouvir mais do que um ponto de vista”.
“O jornalismo é a resposta”, disse. “O objetivo da imprensa, num país livre, é ser adversativa. É essa a função do quarto poder, como lhe chamamos. Procurar factos e publicá-los e defender a liberdade de o fazer”, acrescentou.
“Aqueles de nós que se preocupam com a democracia têm de defender uma imprensa livre”, insistiu.
Madeleine Albright, 80 anos, foi a primeira mulher a chefiar a diplomacia norte-americana ao ser nomeada secretária de Estado pelo presidente Bill Clinton (1993-2001).
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