“Matá-las nunca foi a minha intenção. Nunca julguei ser capaz de uma coisa dessas”, disse a arguida, que está acusada de dois crimes de homicídio qualificado e outros dois de profanação de cadáver.

A mulher, que admitiu ter escondido a gravidez do companheiro, de quem tem dois filhos menores, e da restante família, disse que entrou em trabalho de parto na casa de banho da sua habitação, em Espinho.

Após ter dado à luz as duas crianças, a arguida disse que ficou sentada na sanita com as bebés ao colo, até deixarem de chorar.

“Fui à dispensa buscar sacos e mais toalhas. Nessa altura, elas não choravam. Penso que já estavam mortas”, disse a arguida, adiantando que meteu os fetos dentro de um saco.

Após o sucedido, a mulher foi trabalhar, deixando o saco com os fetos na mala do carro que utilizava habitualmente e, quando regressou a casa, começou a sentir dores e febre e pediu ajuda a uma colega, que a levou ao Hospital de Gaia.

Mais tarde, o pai da arguida foi limpar o carro e acabou por descobrir o saco contendo os fetos, tendo chamado a PSP.

O ex-companheiro e os pais da arguida não quiseram prestar declarações.

Nas alegações finais, o advogado de defesa da arguida pediu a condenação pelo crime de infanticídio e não de homicídio, enquanto a Procuradora do Ministério Público (MP) disse que a arguida deve ser condenada pelos crimes que lhe foram imputados.

De acordo com a acusação do MP, a mulher deu à luz duas crianças com vida, entre as 35 e as 36 semanas da gestação, às quais “não prestou, ou solicitou que fossem prestados, quaisquer cuidados imediatamente após o nascimento”.

Ao invés, segundo o MP, “na execução do que já antes tinha planeado, não estimulou o choro, não tentou desimpedir-lhes as vias aéreas, antes as embrulhou e impediu de respirar, acabando por causar as suas mortes”.

A arguida terá depois colocado as duas crianças num saco, no interior da mala do automóvel que utilizava habitualmente, com o propósito de posteriormente as levar para outro local e se desfazer dos seus corpos, o que não veio a acontecer em virtude de terem sido encontradas por um terceiro que alertou as autoridades.

A 20 de janeiro de 2020, a PSP encontrou dois fetos sem vida, do sexo feminino, dentro de um carro numa rua de Espinho, no distrito de Aveiro.

Na altura, a Polícia identificou uma mulher de 25 anos, presumível gestante, que se encontrava internada em unidade hospitalar, tendo dado conhecimento deste caso ao Ministério Público e à Polícia Judiciária.

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