O tenente-general Rui Manuel Carlos Clero tomou hoje posse como novo comandante-geral da Guarda Nacional Republicana e poderá ser último general do Exército a liderar esta força de segurança, tendo em conta que os oficiais generais formados na GNR estão a concluir o curso que os leva a assumir funções no topo da hierarquia.
“Este é o tempo marcado pela dimensão histórica de ao fim de 109 anos, a GNR, com os três coronéis que neste momento estão a concluir o curso de promoção a oficial general e com aqueles que estão já designados para a frequência no próximo curso, vai pela primeira vez poder contar com oficiais generais formados desde a academia militar para exercício de funções na Guarda”, disse Eduardo Cabrita, no discurso de tomada de posse do novo comandante-geral da corporação.
Também na cerimónia, que decorreu no Ministério da Administração Interna e foi presidida pelo primeiro-ministro, António Costa, o novo comandante-geral da GNR, Rui Clero, destacou o “novo paradigma” que se aproxima no que respeita à estrutura superior de comando da Guarda.
“Brevemente, num processo de transição sereno e natural, ocorrerá a chegada a oficial general, dos oficiais da Guarda Nacional Republicana que iniciaram a sua formação na Academia Militar, há 29 anos. Ao longo dos últimos 109 anos, oficiais do Exército têm tido o privilégio de comandar a GNR”, disse, sublinhando que é “com naturalidade, responsabilidade e elevado sentido do dever, que será passado o testemunho àqueles que por direito próprio” os vão suceder.
Rui Clero frisou que será “um privilégio dar início a este processo”, esperando que “promova uma Guarda mais forte, mais coesa e igualmente ciente da sua responsabilidade para a sociedade”.
A chegada de oficiais formados na GNR e o fim dos generais do Exército a comandar a Guarda Nacional Republicana é uma das mais antigas ambições dos militares desta força de segurança.
Na semana passada, quando Rui Clero foi nomeado para comandante-geral da GNR, a Associação dos Profissionais da Guarda (APG/GNR) manifestou-se contra a nomeação de generais do exército para o cargo.
No discurso, o ministro da Administração Interna afirmou também que a GNR é “adequada aos novos tempos”, realçando a criação da comissão para a igualdade de género e para o combate às discriminações e a possibilidade de pela primeira vez existirem condições para uma mulher comandar um comando territorial desta corporação.
“É uma GNR que pela primeira vez vai contar com um plano plurianual de admissões que constava do programa do Governo e que foi já consagrado neste primeiro Orçamento do Estado e que permitirá planear a quatro anos as admissões nos vários níveis de exercício de funções da GNR”, disse Eduardo Cabrita, dando igualmente conta do papel que esta força de segurança desempenhou durante o estado de emergência e situação de calamidade devido à pandemia de covid-19.
Rui Manuel Carlos Clero, que era 2.º comandante-geral da GNR desde novembro de 2018, substitui no cargo o tenente-general Luís Botelho Miguel, que atingiu o tempo limite no posto (10 anos), definido pelo estatuto militar.
Eduardo Cabrita afirmou que Luís Botelho “foi o único oficial general” que exerceu funções na GNR durante 10 anos e os últimos dois anos em que esteve à frente da corporação foram “tempos muito difíceis”, tendo respondido “de imediato a novos desafios e exercícios”.
O ministro destacou a “capacidade estratégica, planeamento e operacional” do novo comando-geral da GNR e que foram demonstradas ao longo de 40 anos de serviço ao país.
Eduardo Cabrita disse ainda que estes três anos em que está na Guarda Nacional Republicana “dão plena confiança” no novo comandante-geral.
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