"É um dia importante, porque o 'Trident Juncture' é o maior exercício da NATO desde o fim da Guerra Fria. É ambicioso e exigente", disse o secretário-geral da Aliança, Jens Stoltenberg, numa conferência de imprensa em Bruxelas, na quarta-feira.
O exercício decorrerá até 07 de novembro, e visa “demonstrar a capacidade de defesa da NATO face a qualquer adversário”, afirmou, esta semana, o almirante norte-americano e comandante-chefe do exercício, James Foggo.
“Não tem como alvo nenhum país em particular”, frisou o oficial norte-americano, citado pelas agências internacionais.
No início deste mês, o almirante norte-americano reconheceu, no entanto, que dirigir um “efeito dissuasor” à Rússia era um dos motivos destas manobras militares.
“Vão ver naquilo que somos bons e julgo que terá um efeito dissuasor”, declarou então James Foggo numa referência à Rússia, ao ser questionado durante uma conferência de imprensa no Pentágono (sede do Departamento de Defesa dos Estados Unidos).
Os ‘media’ internacionais têm relatado que esta demonstração de força por parte da Aliança Atlântica em território norueguês, país vizinho da Rússia, está a irritar Moscovo.
Por seu lado, a Rússia realizou em setembro último, em colaboração com a China, uma das suas manobras militares de maior envergadura nas últimas décadas.
O exercício, conduzido perto das fronteiras russas orientais, mobilizou cerca de 300 mil tropas e dezenas de milhares de veículos terrestres, aeronaves e navios.
“A Rússia não representa uma ameaça militar direta para a Noruega", declarou o ministro da Defesa norueguês, Frank Bakke-Jensen.
“Mas numa situação de segurança tão complicada quanto a atual (…) um incidente em qualquer outro lugar poderia muito bem aumentar a tensão no norte e queremos preparar a Aliança para evitar qualquer incidente infeliz", referiu o ministro norueguês, em declarações divulgadas na quarta-feira pela agência noticiosa francesa France Presse (AFP).
O nível de tensão aumentaria no passado fim de semana quando o Presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou a retirada dos Estados Unidos do tratado sobre armas nucleares de alcance intermédio (INF, na sigla em inglês), assinado em 1987 com a Rússia, e fez crescer os receios de uma potencial nova corrida ao armamento.
O exercício Trident Juncture 18 é realizado na Noruega e em áreas circundantes do Atlântico Norte, Mar Báltico, Finlândia e Suécia.
“Os exercícios terrestres vão ser realizados a 1.000 quilómetros da fronteira com a Rússia e as operações aéreas até 500 quilómetros. A Rússia não tem motivos para se preocupar", disse o general norueguês Rune Jakobsen, citado pelas agências internacionais.
Nas manobras participam forças aéreas, marítimas, terrestres, anfíbias e de operações especiais, num total de quase 50 mil efetivos de 31 países aliados e parceiros da NATO (a organização integra 29 Estados-membros), que terão o apoio de 10 mil veículos, 250 aparelhos aéreos e 60 navios, incluindo um porta-aviões norte-americano.
No passado dia 12 de outubro, o navio de comando americano USS Mount Whitney, que irá integrar o exercício militar, atracou no porto de Lisboa para embarcar os cerca de 200 militares de diversas nacionalidades do contingente internacional do Comando de Apoio e Projeção de Forças NATO (STRIKFORNATO), com sede em Oeiras, incluindo nove portugueses dos três ramos das Forças Armadas.
Dois observadores russos e dois observadores bielorrussos estão convidados para acompanhar o exercício.
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