Denominado Projeto Beija-Flor 2.0. e promovido pela Associação Democrática de Defesa dos Interesses e da Igualdade das Mulheres (ADDIM), o estudo decorreu nos últimos dois anos "em sete escolas do Grande Porto", abrangendo "mais de 500 crianças e jovens", incluindo "turmas desde o pré-escolar até ao 3.º ciclo", afirma, em comunicado enviado à Lusa, a associação.

"Desenvolver uma maior consciência acerca de diversas formas de vitimação a que estão vulneráveis nas suas faixas etárias, desconstruir crenças de género e acerca da violência que legitimem a prática de comportamentos abusivos", seja no "namoro, contexto escolar ou no âmbito doméstico" através do ‘bullying/cyberbullying’, são alguns dos objetivos deste projeto.

O projeto, de acordo com o documento, visa ainda "desenvolver competências pessoais e sociais, nomeadamente de comunicação e resolução de problemas, que os/as tornem cidadãos mais ativos, conscientes e menos vulneráveis à vitimação".

De acordo com as conclusões, "mais de 86% dos/as alunos/as são intolerantes a crenças legitimadoras da violência doméstica e/ou no namoro, mais de 85% revela concordância com afirmações que traduzem um relacionamento interpessoal ajustado, mais de 70% dos intervencionados posicionam-se a favor da igualdade de género e mais de 70% são intolerantes a crenças legitimadoras do ‘bullying’".

Tendo como prática avaliar os alunos no início e no final de cada ano letivo, o projeto concluiu "no final da participação no projeto” que “96,5% dos/as alunos do 1.º ciclo intervencionados é favorável a crenças igualitárias sobre Direitos Humanos (contra os 90,9% registados inicialmente), 80% dos/as alunos é favorável a crenças igualitárias de género (vs. 60,2% inicialmente) e 85,9% dos/as alunos/as revela concordância com afirmações que traduzem um relacionamento interpessoal ajustado (contra os 64,7% inicialmente).

O documento refere ainda que "97,7% das crianças revela concordância com afirmações que traduzem um bom conhecimento sobre o seu corpo e sexualidade (vs. 80,8% inicialmente), resultados que a ADDIM considera "cruciais para a prevenção de abuso sexual".

Os números mostram também uma evolução favorável no 2.º ciclo, com "73,3% dos/as alunos favorável a crenças igualitárias de género (vs. 67,6% inicialmente), 86,7% dos/as alunos é intolerante a crenças legitimadoras da violência doméstica e/ou no namoro (vs. 82,4% inicialmente), 76,7% dos/as alunos é intolerante a crenças legitimadoras do bullying (vs. 55,9% inicialmente) e 90% dos/as alunos/as revela concordância com afirmações que traduzem um relacionamento interpessoal ajustado (vs. 70,6% inicialmente)".

No 3.º ciclo do ensino básico os números mostram que 94,7% dos/as alunos é favorável a crenças igualitárias de género (vs. 83,3% inicialmente), 89,5% dos/as alunos é intolerante a crenças legitimadoras da violência doméstica e/ou no namoro (vs. 77,8% inicialmente), 71,1% dos/as alunos é intolerante a crenças legitimadoras do bullying (vs. 61,1% inicialmente) e 86,9% dos/as alunos/as revela concordância com afirmações que traduzem um relacionamento interpessoal ajustado (vs. 83,3% inicialmente).

Chamando a atenção para o facto de que em "Portugal tem-se privilegiado a utilização de estratégias de prevenção secundária e terciária, que têm lugar apenas quando o problema se encontra instalado", a presidente da ADDIM, Carla Mansilha Branco, disse à Lusa que a estratégia deste projeto é fazer "prevenção primária".

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