O Serviço de Meteorologia e Hidrologia (Senamhi) peruano anunciou que as precipitações vão intensificar-se durante esta semana, especialmente nas regiões do litoral norte do Peru, que foram as mais atingidas pelas chuvas dos últimos dias.
“Espera-nos uma semana complicada. É muito provável que continuemos a ter deslizamentos de terras”, advertiu, no domingo, o primeiro-ministro peruano, Fernando Zavala.
As previsões de tempestades e chuvas intensas, com até 150 litros por metro quadrado por dia, estendem-se até à próxima quinta-feira, nas regiões de Tumbes, Piura, Lambayeque e La Libertad que, em conjunto, contam com aproximadamente 64.000 desalojados e 360.000 afetados.
O serviço de meteorologia previu também chuvas de até 30 litros por metro quadrado por dia entre terça e quinta-feira em Áncash, Lima e Ica, onde há 26.000 desalojados e 136.000 afetados.
O Ministério da Educação ordenou o cancelamento das aulas em Lima até pelo menos quarta-feira.
As autoridades peruanas começaram a distribuir no domingo mais de duas mil toneladas de ajuda humanitária entre os mais afetados, enquanto o número de vítimas e prejuízos continua a aumentar, com os dados mais recentes a darem conta de 12.000 casas destruídas.
Segundo anunciou o ministro da Produção peruano, Bruno Giuffra, nos últimos dias foram recolhidas cerca de 800 toneladas de bens de primeira necessidade, doados por particulares e empresas, mas também pelo Equador que enviou para Lima um avião com três mil rações alimentares.
O envio da ajuda é feito a partir de Lima, por via aérea e marítima, dada a impossibilidade de a encaminhar por terra devido aos danos na principal via que percorre a costa peruana e atravessa as zonas mais afetadas do norte do país.
Giuffra alertou que a ajuda recolhida até ao momento não é suficiente e apelou à população para que continue a fazer donativos nos pontos de apoio, estabelecidos na capital peruana.
Pediu especialmente alimentos, como arroz ou conservas, roupa e fraldas, bem como artigos de higiene pessoal, lanternas e galochas, entre outros.
O ministro assegurou que Trujillo, capital da região de La Libertad, recebeu mais de 300.000 litros de água, dado que mais de metade da população está há três dias sem água, cujo fornecimento foi interrompido devido a uma rutura do canal que abastece a cidade.
Outros danos materiais causados pelas cheias, transbordo de rios e deslizamentos de terras incluem a destruição de mais de uma centena de pontes no país, segundo indicou o primeiro vice-presidente do Peru e ministro dos Transportes e Comunicações, Martín Vizcarra.
As inundações foram causadas pelas piores chuvas registadas nas duas últimas décadas no Peru.
As chuvas inesperadas foram seguidas de tempestades, que atingiram fortemente a costa do país, na sequência do aquecimento da superfície das águas no Oceano Pacífico, prevendo-se que continuem ainda por mais duas semanas.
Em 1998, morreram 374 pessoas no Peru, na sequência de um período semelhante de precipitação intensa e cheias atribuídas ao fenómeno ‘El Niño’.
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