A concentração de hoje segue-se aos contínuos protestos que decorrem há vários dias, incluindo um movimento de contestação na noite de domingo que concentrou mais de 650.000 pessoas em várias cidades israelitas, após Netanyahu ter demitido o ministro da Defesa que pediu uma suspensão da reforma judicial face à divisão que está a provocar no país.

O protesto em frente ao Knesset em Jerusalém junta-se a outra massiva mobilização em Telavive, para além das registadas em cidades do norte e do sul, enquanto várias empresas aderiram à greve nacional entretanto convocada.

“Democracia, democracia” ou “Israel não é o Irão” foram algumas das palavras de ordem entoadas pelos manifestantes concentrados junto do parlamento, que revelaram ceticismo face à possível suspensão temporal da reforma por parte de Netanyahu.

Em paralelo às manifestações, grupos de extrema-direita, incluindo dois importantes ministros do Governo, Itamar Ben Gvir e Bezalel Smotrich, convocaram os seus apoiantes para se mobilizarem em apoio à reforma, também nos arredores do parlamento.

Este apelo suscitou receios de confrontos entre os manifestantes, também devido à presença entre os grupos da ultradireita do movimento extremista “A Família”, conhecido pelas suas ações violentas.

Estes grupos estavam a disponibilizar autocarros para facilitar a deslocação para Jerusalém dos seus apoiantes a partir de várias cidades de Israel e de colonatos na Cisjordânia ocupada, onde se concentra a maioria dos votantes dos partidos de extrema-direita que integram a coligação governamental.

Desde o início da manhã que os ‘media’ locais têm antecipado uma declaração por parte de Netanyahu onde se espera um eventual adiamento da reforma.

Analistas citados pela agência noticiosa EFE sublinharam que os membros da ala direitista do executivo ameaçaram romper com a coligação caso seja interrompido o processo legislativo.

A peça central da revisão é uma lei que dará à coligação governamental a última palavra sobre todas as nomeações de juízes, inclusive do Supremo Tribunal, e lhe permitirá igualmente nomear políticos para cargos de assessoria jurídica do Governo.

Outras leis incluídas na reforma dão ao parlamento a possibilidade de anular por maioria simples decisões do Supremo Tribunal de Justiça (STJ), limitando a revisão judicial das leis e até a sua revogação pela mais alta instância judicial do país, mesmo que esta as considere inconstitucionais.