Há um ano foi lançado um projeto-piloto em 21 farmácias de Cascais envolvidas no programa Fast Track Cities para ajudar a combater o subdiagnóstico destas doenças. Desde então, 1.020 pessoas fizeram o rastreio e puderam conhecer o seu estatuto serológico nestas farmácias, qualificadas pela Ordem dos Farmacêuticos para a prestação deste serviço.
Segundo dados avançados à Lusa pela ANF, foram realizados 558 testes rápidos de despiste do vírus causador da sida (VIH), 409 para o rastreio da hepatite C (VHC) e 53 testes rápidos à presença dos vírus da hepatite B (VHB), estes últimos disponíveis apenas desde março deste ano.
Os dados adiantam que 41,1% dos utentes que rastrearam o VIH, fizeram-no pela primeira vez na vida na farmácia. O mesmo para 44,3% dos utentes que quiseram conhecer o seu estatuto serológico relativamente ao VHC e 41,2% no VHB.
"Os testes são realizados de forma anónima, são confidenciais e gratuitos, bastando 15 minutos para a obtenção do resultado", sublinha a ANF.
Em Portugal, tanto as infeções pelos vírus do VIH como pelos das hepatites estão subdiagnosticadas. De acordo com o relatório de 2018 do Programa Nacional para a Infeção VIH e Sida, a Direção-Geral da Saúde estima que cerca de 10% das pessoas seropositivas desconheçam a sua condição. Estima-se ainda que apenas 30% dos infetados com hepatite C estejam diagnosticados.
Portugal subscreveu o objetivo da ONUSIDA de quebrar o ciclo de transmissões e erradicar as epidemias de VIH/sida e de hepatites virais até 2030.
A implementação de testes rápidos de rastreio destas doenças, nas farmácias é considerada estratégica para o cumprimento dessa meta, porque "são parceiros fundamentais dos serviços de saúde, dado o seu caráter de proximidade e serem detentores da confiança dos cidadãos", justifica o despacho, publicado em março em 2018, autorizando a realização destes testes de rastreio de infeções por VIH, VHC e VHB nas farmácias e laboratórios de análises clínicas.
Cascais, que aderiu à iniciativa Fast Track Cities (Cidades na Via Rápida para Eliminar o VIH) em 2017, foi a primeira localidade a aplicar o despacho de março de 2018.
As Fast Track Cities são uma iniciativa da UNAIDS, que convida as cidades mundiais a desenvolver e aplicar medidas com vista a que, até 2030, se quebre o ciclo de transmissões e se erradique a epidemia de VIH/SIDA.
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