Na conferência de imprensa que se seguiu a uma cimeira extraordinária por videoconferência dos líderes da UE, consagrada sobretudo à crise na Bielorrússia, Charles Michel indicou que os chefes de Estado e de Governo dos 27 abordaram também os recentes desenvolvimentos no Mali, palco na terça-feira de um golpe liderado por militares.
“Os acontecimentos no Mali são extremamente preocupantes e podem ter um impacto desestabilizador em toda a região e na luta contra o terrorismo”, advertiu Charles Michel, que deu conta do apelo dos 27 com vista à “libertação imediata dos prisioneiros e ao regresso ao Estado de direito”.
Charles Michel defendeu que a União Europeia deve “prosseguir a cooperação estreita com a CEDEAO”, a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental, que tem promovido um diálogo entre Governo e manifestantes, “e outras organizações africanas, em busca de uma solução que vá ao encontro das aspirações do povo do Mali”.
Ainda na terça-feira, numa primeira reação europeia à situação no Mali, o Alto Representante da UE para a Política Externa, Josep Borrell, condenou a tentativa de golpe de Estado em curso, sublinhando que a UE “rejeita qualquer mudança anticonstitucional”.
“Esta não pode de forma alguma ser uma resposta à profunda crise sociopolítica que afeta há muitos meses o Mali”, escreveu o chefe da diplomacia europeia na sua conta oficial na rede social Twitter.
O Presidente do Mali, Ibrahim Boubacar Keita, anunciou a demissão hoje de madrugada, horas depois de ter sido afastado do poder num golpe liderado por militares, após meses de protestos e agitação social.
A ação dos militares já foi condenada pelas Nações Unidas, União Africana, CEDEAO e União Europeia.
Portugal tem no Mali 74 militares integrados em missões da ONU e da UE.
Antigo primeiro-ministro (1994-2000), Ibrahim Boubacar Keita, 75 anos, foi eleito chefe de Estado em 2013, e renovou o mandato de cinco anos em 2018.
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