“A partir de agora, não vamos parar até conseguirmos ser independentes”, disse a estudante de sociologia Claudia Martinez à agência Lusa, criticando a violência da polícia no domingo durante o referendo ilegalizado pelo Estado espanhol.

Várias centenas de pessoas, jovens estudantes universitários na sua maioria, iniciaram um desses protestos na Praça da Universidade, perto do centro de Barcelona, vigiados no alto por helicópteros da polícia.

“Não vão conseguir que nos calem”, assegura Aina Delgado Morell que estuda medicina, insistindo que a votação de domingo dá “mais do que legitimidade para que a Catalunha declare a sua independência”.

Na cabeça da manifestação, um grande cartaz a pedir a todos os estudantes para “Esvaziar as salas de aulas. Em defesa do refendo”.

No meio da concentração, um ramo de cravos vermelhos desperta a curiosidade.

“Desde o início deste processo que os cravos vermelhos representam a paz e a democracia. Não temos armas, apenas flores”, explicou Roser de la Ossa, nascida em 1965, acrescentando que as flores são “em memória da Revolução portuguesa”.

Muitos jovens manifestantes tinham a boca fechada com adesivos em cruz para simbolizar a “repressão do Governo espanhol, que pretende calar o povo catalão”.

A votação de domingo foi marcada pela intervenção da polícia espanhola, que tentou encerrar da parte da manhã alguns centros eleitorais, numa ação que teve momentos muito violentos, que passaram nas televisões de todo o mundo.

O presidente do Governo regional, Carles Puigdemont, criticou a “brutalidade policial” e a “repressão enlouquecida” exercida contra os votantes e lançou um apelo à União Europeia para deixar de considerar a questão catalã como “uma questão interna” de Espanha.

Puigdemont anunciou ainda a sua intenção de levar os resultados do que considera ser um referendo vinculativo ao parlamento regional para decidir se declara a independência.

“As instituições catalãs têm de ter coragem para declarar a República da Catalunha”, pediam muitos dos manifestantes.

“Estamos contra o que se passou ontem”, sublinhava Sergi Benitez, que no entanto destoava da grande maioria dos seus colegas porque não estava “seguro” se queria a independência: “os dois campos em confronto estão bem um para o outro”, disse.

O governo regional (Generalitat) anunciou na madrugada de segunda-feira que 90% dos catalães votaram a favor da independência no referendo, tendo exercido o direito de voto 42 por cento dos 5,3 milhões de eleitores.

A consulta popular foi marcada pela Generalitat, dominada pelos separatistas, tendo o Estado espanhol, nomeadamente o Tribunal Constitucional, declarado que a consulta era ilegal.