“Vocês não estão sós!”, repetiram os manifestantes do protesto organizado pelos partidos de esquerda.

O objetivo era “mostrar aos neerlandeses que nunca abandonamos ninguém e que lutamos pelos direitos de todos”, indicaram os organizadores.

Outra manifestação contra o partido de extrema-direita neerlandês decorreu também ao fim da tarde em Amesterdão.

Geert Wilders deixou o sistema partidário neerlandês estupefacto ao conquistar 37 assentos no parlamento, o que coloca o seu partido na posição de principal partido por uma larga margem.

Apesar de ter atenuado a sua retórica anti-islâmica mais radical durante a campanha eleitoral, o manifesto do Partido da Liberdade (PVV) apela para a proibição das mesquitas e do Corão no país.

Judy Karajoli, estudante de jornalismo síria de 25 anos, declarou que o êxito eleitoral de Wilders lhe causou “grande medo, porque o PVV é um partido abertamente racista que quer ‘desislamizar’ o país”.

Segundo a jovem, muitos dos seus amigos são refugiados com vistos de residência que temem pelo futuro.

O manifesto do PVV indica que esses vistos de residência deveriam ser anulados, porque “algumas partes da Síria são agora seguras”.

“Eu sei o que é fugir da guerra para nos refugiarmos num país seguro, mas agora já não nos sentimos em segurança”, afirmou a estudante universitária, citada pela agência de notícias francesa AFP.

“Vim para cá em busca de liberdade e tolerância, de um lugar onde toda a gente pode fazer o que quer”, disse Haahmed Hassan, um engenheiro informático egípcio de 30 anos.

“Quando vejo um partido a tentar tornar este país menos, e não mais, seguro, isso assusta-me”, comentou.

Após a vitória da extrema-direita nas legislativas, cuja dimensão surpreendeu além-fronteiras, o seu islamófobo líder, Geert Wilders, enfrenta agora uma tarefa difícil: convencer os adversários a formarem uma coligação.

O PVV obteve 37 dos 150 mandatos do parlamento neerlandês, mais do dobro dos conquistados no escrutínio de 2021, segundo resultados quase finais.