“Esta lista está apostada no futuro. Não pretende gerir um fim de ciclo, ainda mais quando esse fim de ciclo não está a ser feliz e os madeirenses não se sentem representados no atual PSD”, disse o candidato, referindo-se à crise política desencadeada pelo processo que investiga suspeitas de corrupção no arquipélago e que levou à queda do Governo Regional (PSD/CDS-PP), agora em gestão.
Manuel António Correia, que falava aos jornalistas após entregar a candidatura na sede do partido, no Funchal, salientou que o seu objetivo é “encetar uma nova era” no partido e na região, uma nova era de políticas, uma nova era também com novos protagonistas, mas contando com todos, uma nova era de atitudes e uma nova era completamente desprendida”.
“As pessoas estão aqui porque querem emprestar o seu saber, a sua consciência, a sua alma para ajudar [a resolver] os problemas de todos”, acrescentou.
O prazo para a entrega de listas no PSD/Madeira termina hoje às 18:00 e, até agora, deram entrada apenas duas candidaturas: a de Manuel António Correia e a de Miguel Albuquerque, que lidera o partido desde 2014 e o executivo madeirense desde 2015, agora na qualidade de demissionário.
Miguel Albuquerque foi constituído arguido no processo que investiga suspeitas de corrupção na Madeira e demitiu-se do cargo de presidente do Governo Regional, sendo que sua exoneração levou à queda do executivo, de coligação PSD/CDS-PP, com o apoio parlamentar do PAN, e que está agora em gestão.
Em 2014, Manuel António Correia, então secretário regional do Ambiente e Recursos Naturais no executivo chefiado por Alberto João Jardim, disputou a liderança do PSD/Madeira precisamente com Miguel Albuquerque, mas perdeu a corrida na segunda volta, obtendo 37% dos votos, contra 63% do adversário.
“Acima de tudo [queremos] resolver um problema que o PSD tem tido nos últimos anos na Madeira, eu diria especialmente nos últimos tempos, que é um divórcio completo entre o partido e a sociedade”, disse.
Um problema que, afirmou, é “grave” e levará a que, a curto prazo, “o PSD não tenha as boas vontades das pessoas traduzidas em eleições”.
“Se o PSD não se reestrutura, será derrotado eleitoralmente”, alertou.
Manuel António Correia sublinhou ainda que o seu projeto está “voltado para o futuro, para uma nova era de políticas, uma nova era mais credível, na qual a sociedade se sinta identificada e alegre”, ao contrário do projeto de Miguel Albuquerque que está focado no presente e no passado.
“Hoje é também um dia de alegria para o PSD e de esperança para toda a Madeira, porque eu sinto que, nos últimos tempos, ser militante, agir no terreno em nome do PSD, não é um ato de alegria e precisa voltar a ser um ato de alegria”, declarou.
O candidato explicou também que cerca de um terço das listas da sua candidatura para a Comissão Política e Secretariado são pessoas com menos de 30 anos e, por outro lado, garantiu que a decisão de avançar na corrida à liderança do PSD/Madeira assentou na “solicitação das bases do partido” que foram esquecidas nos últimos anos.
“A decisão está tomada, é para ir com força, com coragem, com energia para este projeto que começa hoje no PSD, mas queremos que seja um projeto para a Madeira e não só para uma, mas para diversas gerações”, disse, reiterando que hoje é um “dia especial” para o partido e para a região autónoma.
“Não viemos para desunir, contamos com todos. Vamos unir para resolver os problemas do PSD e da Madeira”, reforçou.
Em 21 de fevereiro, o Conselho Regional do PSD/Madeira indicou que as eleições diretas vão realizar-se em 21 de março e o congresso regional em 20 e 21 de abril.
“O objetivo desta marcação deveu-se à mudança de circunstância política”, explicou na altura o presidente daquele órgão, João Cunha e Silva, adiantado que “esta mudança espera pela decisão do Presidente da República”.
João Cunha e Silva garantiu também que o PSD está preparado para a possibilidade de o chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, chamar o presidente do partido para formar novo Governo Regional, com base na atual maioria parlamentar PSD/CDS-PP/PAN, ou para o caso de convocar eleições antecipadas na região autónoma, que só poderá ocorrer depois de 24 de março, seis meses após as últimas eleições legislativas regionais.
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