O projeto ‘Aqui há gato’ visa dar “nova vida” às máquinas avariadas que, depois de pintadas e decoradas, são colocadas em locais estratégicos para dar abrigo e proteger dezenas de gatos nas várias colónias de rua existentes naquela vila da serra algarvia.
Aquela que poderá ser uma nova forma de arte urbana surgiu de uma ideia da médica veterinária municipal, ao verificar que duas gatas procuravam abrigo no interior de uma máquina de lavar roupa avariada, colocada temporariamente nas traseiras da sua clínica veterinária enquanto aguardava transporte para ser removida.
“Como vi que as gatas adoraram o abrigo, pusemos uma mantinha no interior da máquina e ficou a casa delas. Pareceu-me na altura muito acolhedor, porque protege do frio, do calor, do vento e da chuva e que podia ser uma forma de abrigar animais esterilizados em vários locais”, contou à agência Lusa Ana Silva, a veterinária municipal.
De acordo com Ana Silva, a ideia começou então a ganhar forma, quando surgiu a necessidade de recolocar, nas colónias originais mais polémicas, os gatos esterilizados no âmbito do programa de controlo das populações felinas silvestres no município de Monchique.
“Senti que a recolocação dos animais devia ser acompanhada de um alojamento e, não querendo repetir o que era feito em outros municípios, lembrei-me das máquinas de lavar roupa. Achei que seria um bocadinho de lixo colocar a máquina por si só no exterior, e então pedimos a colaboração de um artista graffiti que, com a envolvência de algumas crianças das escolas, pintaram e decoraram as máquinas”, indicou a clínica.
Segundo Ana Silva, neste momento estão colocadas cinco máquinas/abrigo devidamente decoradas, em pontos estratégicos da vila: “Duas num bairro residencial, outras tantas junto do miradouro e uma na escola do ensino básico”.
“Estamos ainda no início do projeto, por isso, todas as que podermos angariar são bem-vindas e, em breve, esperamos colocar mais máquinas/abrigo para os nossos gatos”, sublinhou a veterinária municipal, acrescentando que Monchique “é um concelho com imensos gatos apesar da campanha contínua de esterilização”.
Ana Silva disse ainda que a colocação das máquinas/abrigo e das colónias de gatos na vila “não tem sido de todo pacífica, porque há pessoas que gostam menos dos animais, mas com a outra parte que gosta, consegue-se o equilíbrio”.
“Nós gostamos de ver os gatos connosco”, frisou.
A médica disse ainda que, inicialmente, o projeto pretendeu envolver as crianças e jovens na pintura e decoração das máquinas, devido à importância que tem o envolvimento da comunidade em qualquer projeto com animais, “mas as expectativas foram superadas após os pais terem colaborado também” na nova arte urbana.
“Houve a envolvência de grande parte da comunidade e também o acolhimento e sensibilidade da escola para instalar uma máquina/abrigo e acolher um gato, devidamente tratado, o que foi muito gratificante. Acaba por ser também um projeto pedagógico, porque as crianças percebem que os gatos não fazem mal nenhum e que é muito bom conviver com eles”, concluiu Ana Silva.
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