Numa entrevista ao jornal espanhol La Voz de Galicia, divulgada hoje, Marcelo Rebelo de Sousa aponta duas fases na recuperação económica portuguesa, elogiando a ação do anterior primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, na primeira, e do atual, António Costa, na segunda.
O “mérito” da “primeira fase”, em que houve necessidade de “tomar medidas muito impopulares e correr o risco de ser penalizado por isso”, foi de Passos Coelho. Quanto ao segundo, de manter o rumo na consolidação das finanças públicas, foi de António Costa, a quem Marcelo Rebelo de Sousa atribui o mérito pela “segunda fase do milagre”.
“Quando se esperava que o novo Governo [chefiado por António Costa], com uma composição oposta da composição anterior, e apoiado por partidos que tinham uma posição muito crítica em relação ao período anterior, quando muitos esperavam que esse Governo viesse romper com o caminho de recuperação das finanças públicas, isso não aconteceu”, assinalou, concluindo: “Houve essa determinação. Isso é mérito do primeiro-ministro António Costa e do seu Governo, é mérito dos partidos que apoiaram o Governo. Eu diria que foi um sinal de grande maturidade política”.
Na entrevista, o chefe de Estado assume que a sua relação com António Costa “foi sempre boa e igual”.
“Em primeiro lugar, porque defendo que o Presidente deve dar-se bem com o primeiro-ministro, com os órgãos de soberania e com os partidos políticos. Estou permanentemente em contacto com o chefe do Governo, não só nas audiências semanais, em bons e maus momentos, como foi o caso das tragédias dos incêndios. Além disso, conhecemo-nos muito bem há décadas, já que ele foi meu aluno na Faculdade de Direito de Lisboa”, recordou.
O chefe de Estado português mostra a sua satisfação por o executivo de Costa ter convencido a União Europeia e os mercados e continuar estável a pouco mais de um ano das eleições legislativas.
“É uma satisfação que esse Governo, no qual ninguém acreditava internacionalmente, tenha convencido Bruxelas, os mercados e continue estável a um ano e poucos meses de acabar a legislatura”, assume o Presidente, para quem o “ponto de inflexão” foi o “início de 2017”.
Marcelo congratula-se também pela solidez do sistema político, tanto à esquerda como à direita.
“Temos um sistema político forte à esquerda e à direita, que oferece alternativas aos portugueses e evita o surgimento de populismos”, sublinha.
Congratula-se também por ter “desaparecido a crispação entre a esquerda e a direita” que surgiu após a eleições de 2015, ganhas por Passos Coelho, mas que não conseguiu formar Governo, dando lugar ao executivo socialista apoiado pelo PCP e BE.
Na entrevista, Marcelo Rebelo de Sousa salienta que a visita de Estado que fará a Espanha entre 16 e 18 deste mês será “muito importante”.
“Não foi por acaso que o rei de Espanha foi meu convidado especial na tomada de posse. Isso permitiu criar uma aproximação que corresponde à excelência atual das relações políticas entre o reino de Espanha e Portugal”, frisa.
O Presidente português lembra a visita dos reis de Espanha a Portugal, que foi “um grande sucesso”, e classifica o estado atual das relações bilaterais assinalando a “grande proximidade não intelectual e emotiva” e o “fenómeno espantoso de complementaridade e de colaboração constante”.
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