“Tenho por hábito não comentar no estrangeiro o que se passa em Portugal, mas aqui, sentindo o que sentimos, percebemos que é tudo relativo, muito relativo. Aquilo que parece muito importante, muito grave num dia, numa semana, num mês, daí a uma semana, um mês, seis meses, já ninguém fala disso”, afirmou o chefe de Estado, após uma visita em ‘passo de corrida’ às pirâmides de Gizé.
Marcelo Rebelo de Sousa falou aos jornalistas enquadrado pelas milenares pirâmides de Gizé e pela sua famosa esfinge sem nariz para fazer um balanço da visita de Estado de três dias ao Egito, que termina hoje, acabando também por comentar a situação política em Portugal.
A inscrição da meta de 0,7% de défice para 2018 no Programa de Estabilidade tem gerado nos últimos dias alguma tensão entre o Governo e os partidos que o apoiam no parlamento.
O BE não aceita que o Governo inscreva esta meta, mas, na quinta-feira à noite, o primeiro-ministro, António Costa, já avisou que a redução sustentada do défice "é absolutamente decisiva para a redução da dívida e para que o país continue a poupar dinheiro que gasta em juros, podendo assim aplicar essa poupança no essencial".
"Temos conseguido fazer isto sem sacrificar nenhum dos compromissos com a União Europeia, sem sacrificar nenhum dos compromissos com os portugueses e sem sacrificar nenhum dos compromissos com os nossos parceiros parlamentares. A redução do défice não tem sido feita à custa de nenhum compromisso assumido com o Bloco de Esquerda, com o PCP ou com o PEV", sublinhou o primeiro-ministro.
Rodeado pelo ministro português da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, pela secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros, Teresa Ribeiro, e pelo ministro egípcio das Antiguidades, Khaled al-Anani, Marcelo Rebelo de Sousa fez um balanço da visita.
O Presidente da República quis prestar declarações naquele local simbólico, as pirâmides, “com milhares de anos de História” para falar no futuro.
Foi uma visita que, para o Presidente, “reforçou uma magnífica amizade” – “estamos a redescobrir-nos”.
Com o ministro Castro Mendes a ouvi-lo, o Presidente da República lamentou que Portugal seja “dos poucos países” sem qualquer grupo de arqueólogos a fazer trabalho no Egito.
“Não pode ser. [Isso] tem que mudar”, afirmou, perante o olhar aprovador da deputada Ana Mesquita do PCP, que é arqueóloga de profissão.
Marcelo Rebelo de Sousa informou que o titular da pasta da Cultura convidou o ministro das Antiguidades, Khaled al-Anani, a visitar Portugal e a descobrir que há um grupo de arqueólogos portugueses a querer fazer investigação no Egito.
Presidente há dois anos, Marcelo Rebelo de Sousa recusou dizer de que forma quer ser recordado – “o próprio é mau juiz de si próprio” – ainda mais rodeado de História e de monumentos em memória dos faraós.
O Presidente da República não disse, contudo, nada sobre um eventual segundo mandato, por ter afirmado, na quinta-feira, que queria voltar ao Cairo dentro de dois anos.
Disse dois anos, recordou o chefe de Estado, e 2020 ainda está dentro do atual mandato.
Por uns momentos, Marcelo Rebelo de Sousa foi hoje um turista nas pirâmides de Gizé – a pirâmide de Keops tem dois milhões de blocos, 37 metros de altura – mas, teve como guia o ministro egípcio das Antiguidades.
E, como qualquer turista, foi aos vendedores de recordações para comprar três pirâmides. Quando se aperceberam que era o Presidente da República português, alguns vendedores disseram “Welcome president Marcelo” (“Bem vindo Presidente Marcelo”), mas também falaram de outro português famoso: o futebolista Cristiano Ronaldo.
[Notícia atualizada às 12h26]
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