Marcelo Rebelo de Sousa fez um discurso pela tolerância e pela paz na universidade de al-Azhar, ao lado da milenar mesquita com o mesmo nome, na cidade do Cairo, e, no fim, respondeu a perguntas, em árabe e tradução simultânea, de uma plateia de estudantes, religiosos e professores.
Uma delas, foi sobre a explicação que dava para o fenómeno do crescimento do autoproclamado Estado Islâmico (EI), que reclamou a responsabilidade por atentados, na Europa e em África.
“Quem teve a culpa fomos nós”, repetindo “nós” por quatro vezes, ocidentais e países islâmicos, mencionando depois que “os europeus foram egoístas” e não deram importância às dificuldades e necessidades sentidas pelas sociedades.
“Quando a sociedade vive em crise, quando a sociedade não responde às necessidades das pessoas, na política não há vazios, alguém o preenche”, afirmou.
Aos europeus, Marcelo Rebelo de Sousa deixou o recado: “Quando culpam o Estado Islâmico, culpem-se a si próprios porque criaram condições para o Estado Islâmico existir”.
A última pergunta do debate foi sobre a Palestina e sobre a criação de um Estado palestiniano.
O governo português insistiu na tese da coexistência de dois Estados – Israel e Palestina.
“Tem que ser aceite um Estado Palestiniano com capital em Jerusalém”, disse, recusando introduzir fatores de perturbação.
“Tudo o que unilateralmente crie problemas é algo que Portugal não fará. Não mudaremos a nossa embaixada para Jerusalém”, afirmou o presidente português, muito aplaudido pela plateia.
Marcelo Rebelo de Sousa visitou ainda a mesquita de al-Azhar e anunciou que vai condecorar o grande imã da mesquita, sheik Ahmed Mohamed el-Tayed.
“Portugal vai dar-lhe uma condecoração pelo sua luta pela paz”, justificou.
Outro aluno perguntou de que forma se “sente” ainda o Islão em Portugal.
O chefe do Estado deu uma resposta longa, lembrando a influência do Islão desde os tempos da fundação, e que ainda hoje se nota “nas palavras e nalguns hábitos” dos portugueses.
Marcelo atribuiu também ao Islão alguma tendência “contemplativa” dos portugueses quando olham um nascer ou um pôr do sol.
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