No seu primeiro dia com agenda oficial na visita a Bulgária, que se estende até quinta-feira, o dia começou com todas as obrigações protocolares: guarda de honra, hinos nacionais, coroa de flores no túmulo do soldado desconhecido e encontro com o homólogo búlgaro, Rumen Radev.
À tarde o programa prometia ser mais cultural e, depois de uma visita à principal catedral ortodoxa da cidade, o Presidente da República visitou uma placa de homenagem a Fernando Pessoa, com um trecho do poema ‘Tabacaria’ afixado na fachada da Câmara de Sófia.
“Uma honra tê-lo aqui na fachada dos Paços do Concelho. Conhece o Presidente da Câmara de Lisboa? Vou falar com ele, contar que estive aqui para que seja possível encontrarem-se os dois”, disse à autarca búlgara que o recebeu no local.
Apesar de salientar a importância dada à cultura portuguesa na Bulgária, o Presidente defendeu que é preciso “fazer mais”.
“Essa componente cultural deve completar outras cooperações que estão a funcionar bem, a componente económica nalguns domínios, a cooperação militar, a cooperação política (…) Temos de colocar mais jovens a vir cá e mais jovens búlgaros a irem a Portugal, o que ainda é relativamente raro”, apelou.
Pelo caminho, Marcelo comprou três medalhas a uma vendedora de rua para a sua coleção, que ficou a ganhar porque o Presidente ainda só tinha euros (um euro vale quase o dobro da moeda búlgara, o ´lev’).
À boleia do poema do heterónimo Álvaro de Campos, e questionado sobre “todos os sonhos” que ainda tem para Portugal, o chefe de Estado elegeu a “saída da pandemia o mais rápido possível” e a aprovação e “boa aplicação” do Plano de Recuperação e Resiliência em Portugal.
“Que Portugal continue o caminho que tem tido no quadro da Europa e do mundo e que esse caminho realize os portugueses e permita que os portugueses fiquem e se realizem em Portugal”, desejou.
Como habitualmente nestas visitas, o Presidente ‘improvisou’ à margem do programa e, depois de uma breve paragem no hotel, saiu novamente a pé para as ruas de Sófia.
Quando Marcelo Rebelo de Sousa deixou o hotel, em Lisboa ainda o primeiro-ministro António Costa apresentava as novas medidas relativas à pandemia.
“O Conselho de Ministros já acabou? O primeiro-ministro já falou?”, perguntou o Presidente aos jornalistas, numa esplanada onde tomou uma limonada antes de visitar a Feira do Livro.
Quando questionado se não tinha ficado para ouvir, respondeu: “Eu sei antes, é suposto saber antes”, no único comentário que os jornalistas lhe conseguiram sobre o tema.
Numa tarde com muito sol, eram vários os estudantes de várias nacionalidades na esplanada e, quando perceberam quem era a pessoa com vários seguranças e jornalistas em volta, foram muitos a pedir – e conseguir – uma ‘selfie’ com o chefe de Estado português.
Na feira, com quase todos os livros em búlgaro, no alfabeto cirílico, o Presidente só se interessou por um relativo a medalhas búlgaras – para comparar com a condecoração que já possui do país -, mas acabou por apenas comprar a de um escritor português traduzido na Bulgária, Afonso Cruz.
Afonso Cruz vai estar na quinta-feira na Feira do Livro de Sófia, integrado numa iniciativa do Instituto Camões, que trará vários nomes da cultura portuguesa à Bulgária nos próximos dias, no âmbito da presidência portuguesa da União Europeia.
“Isto é para aparecer de surpresa com o livro quando ele estiver no encontro da Embaixada [na quinta-feira]. Pelos vistos é o único escritor português este ano na Feira, é preciso trazer mais”, defendeu.
O Presidente ainda teve tempo para se sentar na apresentação de um livro búlgaro, mas que o autor acabou por explicar em inglês tratar-se de uma publicação sobre a vida no Mar Negro.
“Eu nado todos os dias no Atlântico”, informou Marcelo Rebelo de Sousa, a quem foi oferecido um exemplar do livro e a informação de que essas águas atingem temperaturas de 26 a 28º no verão.
O programa de hoje termina com um jantar entre os dois chefes de Estado, no Museu Nacional de História, fechado à comunicação social.
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