Estas posições foram assumidas pelos dois chefes de Estado na abertura do III Encontro Luso-Espanhol, que termina no domingo, em Cascais, iniciativa organizada pela Fundação D. Luís I e pela Fundação dos Duques de Sória, que pretende debater os desafios do século XXI.
Dirigindo-se a Felipe VI em espanhol, Marcelo Rebelo de Sousa começou por “expressar a admiração e o afeto do povo português” e afirmar que o Rei de Espanha é “um grande amigo de Portugal”.
Depois, já na restante intervenção em português, Marcelo fez referência aos debates sobre os desafios do século XXI que vão decorrer em Cascais neste fim de semana, e destacou: “Trata-se de estudar o futuro que numa parte já é passado. Trata-se de construir, uma vez mais, a amizade, fraternidade e futuro comum entre Espanha e Portugal”.
“Nascemos, felizmente condenados pela geografia, a sermos nós portugueses no início filhos do Reino de Leão. E depois, à medida que se foi formando a Espanha, transformámos essa inevitabilidade geográfica através da história, em amizade fraternal”, destacou o Presidente da República.
Para Marcelo, hoje, Portugal e Espanha são “irmãos” na União Europeia, no mundo ibero-americano, na NATO, e “em tantas outras projeções, linguísticas, comuns ou afins, fazendo convergir as nossas línguas e a nossa presença cultural no mundo”.
Felipe VI destacou que “o facto de ambas as instituições terem desenvolvido a iniciativa conjunta destes encontros desde 2015 é um bom exemplo de como as fronteiras demarcam, mas não separam, quando existe um espaço partilhado - o ibérico -, um passado que tem sido, em muitos aspetos, comum, e sobretudo todo um futuro de grande potencial”.
“Se conseguirmos manter a nossa vontade e desejo de consenso e de nos fortalecermos mutuamente face às grandes questões de conversação e ação no mundo”, acrescentou.
Dirigindo-se a Marcelo Rebelo de Sousa como “um grande amigo”, Felipe VI manifestou a sua “satisfação sincera e profunda de ver como Espanha e Portugal, Portugal e Espanha, geram contínua e responsavelmente espaços de encontro, de enriquecimento mútuo, e de visão e compromisso compartidos sobre os grandes desafios do futuro” que ambos devem enfrentar na Europa, no Atlântico, no espaço mediterrâneo e africano, e em tantos âmbitos de máximo interesse”.
“Permitam-me recordar que a portuguesa e a espanhola são duas sociedades ligadas por duas línguas que os especialistas definem como 'intercompreensíveis', que contam já com 800 milhões de falantes e que são, sem dúvida, uma das muitas forças da nossa coesão no plano internacional”, salientou.
Sobre os debates do encontro – que incluem temas como a governança e a política, inovação tecnológica, globalização, alterações climáticas e cultura, entre outros – Marcelo Rebelo de Sousa salientou que “é uma tarefa histórica, exigente, analisar os desafios do século XXI, que já começou”.
“O que significa que já pudemos apreender algumas das grandes linhas iniciais do século: a globalização, mas também os novos problemas da ordem internacional e da segurança, e do outro lado, o desafio climático e os avanços da ciência e da tecnologia”, afirmou.
Marcelo disse que “será mesmo quase uma missão ciclópica analisar tantas mudanças em tão curto espaço de tempo”.
“Mas temos a certeza de que com a inspiração de sua majestade e com o afinco e a excelência das duas fundações, será um êxito para as relações entre Portugal e Espanha”, considerou.
Já o Rei de Espanha salientou que “as novas tecnologias, com a Internet, a computação quântica, a nanotecnologia e o recente desenvolvimento da Inteligência Artificial na vanguarda, constituem um verdadeiro desafio”.
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