Para Marcelo Rebelo de Sousa, a memória imediata do autor de “Labyrinthus” centra-se na publicação coletiva “Poesia 61”, colocando-o no “conjunto de poetas que, quase ao jeito de um manifesto, se afastavam de modos de escrever narrativos, confessionais ou sentimentais e introduziam uma renovada exigência sintática e lexical”, naquele ano de 1961.
Numa nota de pesar publicada na página da Presidência da República na Internet, Marcelo Rebelo de Sousa recorda que, no início da década de 1960, “Casimiro de Brito já tinha feito jornalismo literário na imprensa algarvia, fundado uma coleção de poesia, publicado três livros e codirigido, com [o poeta] António Ramos Rosa, os ‘Cadernos do Meio-Dia'”, deixando antever a sua ação, por mais de 60 anos, em defesa das letras e em particular da poesia e dos seus autores.
O Presidente da República recorda ainda que a “obra abundante” de Casimiro de Brito, recolhida em livros como “Ode & Ceia”, “seguiu por caminhos diversos”, destacando “a lírica amorosa e o diálogo com as poéticas orientais”, sem esquecer os seus livros de ensaio, de aforismos e de ficção.
“Militante de causas, e da sua classe […], era um homem afável, generoso e entusiasta, que encarnou uma certa ideia de poesia e de poetização de vida”, conclui Marcelo Rebelo de Sousa, sobre o detentor das insígnias da Ordem do Infante D. Henrique.
A ministra da Cultura, Dalila Rodrigues, expressou igualmente “profundo pesar” pela morte de Casimiro de Brito, lembrando o seu percurso e os diversos prémios com que a obra do escritor foi distinguida, como o Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores, pelo livro “Labyrinthus” (1981), o Prémio Versilia, de Viareggio para a Melhor Obra Completa Estrangeira, por “Ode & Ceia” (1985), e o Prémio de Poesia do P.E.N. Clube, pelo livro “Opus Affettuoso seguido de Última Núpcia” (1997).
O poeta e ficcionista português Casimiro de Brito morreu hoje, aos 86 anos, de causas naturais, em Braga, onde residia desde 2020.
Nascido em Loulé, em 1938, Casimiro Cavaco Correia de Brito soma mais de 50 obras publicadas, muitas delas traduzidas em mais de 30 línguas, num percurso literário que remonta a 1955.
Na sua obra destacam-se ainda títulos como “Imitação do prazer” e “Pátria sensível”, na ficção, e “Negação da Morte”, “Corpo Sitiado” e “Subitamente o Silêncio”, na poesia. Com Teresa Salema escreveu o romance “Nós, outros”, no final da década de 1970.
Foi vice-presidente da Associação Portuguesa de Escritores e presidente do P.E.N. Clube Português assim como da Association Européenne pour la Promotion de la Poésie.
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