Em declarações aos jornalistas, Marcelo Rebelo de Sousa fez questão de ressalvar o seu otimismo perante as previsões de Bruxelas, onde Portugal cresce o dobro da média da zona euro, afirmando que "as famílias têm de ver a luz ao fundo do túnel. Esta luz é os bons resultados que estão nos números macro chegarem aos seus bolsos. Para isso é importante que a inflação desça. Vamos ver até onde vai, se chega até aos 3%, 4% no final do ano".

O Presidente da República também confirmou a sua preocupação perante "os juros nos créditos de habitação. Estes ainda continuam a ressentir-se da subida do Banco Central Europeu. Eu ontem ouvi um responsável de um banco dizer que era sensível às minha palavras e que iam estudar. Neste momento, aquilo que é um fator negativo para a classe média, é o que se passa com as prestações da habitação, ao mesmo tempo que aquilo que a banca está a pagar a quem a utiliza é muito pouco. Cobra muito por causa da subida de juros internacional e paga pouco a quem tem aplicações da banca", explicou Marcelo. "Isto e a inflação podem atrasar a chegada dos número macro muito bons ao bolso dos portugueses".

"Todos nós portugueses, e como sabem, sou inclino e não tenciono ser proprietário, mas um dos seguros importantes que os portugueses querem deixar para o futuro é o facto de serem proprietários de uma casa", finalizou o Presidente da República.

Quando questionado sobre as audições parlamentares, Marcelo afirmou que nunca "se pronuncia sobre as audições", pois é "trabalho parlamentar". Em relação ao trabalho do SIS, Marcelo afirma ser uma "matéria sensível que está a ser vista no Parlamento. Os outros orgãos de soberania não devem interferir. Tenho evitado esse ruído. Tenho evitado todos os contactos que podem interferir direta ou indiretamente".

Quanto ao diploma das startups, Marcelo explicou que nesse diploma há dois pontos que têm de ser corrigidos: "Acabam muito cedo os benefícios fiscais dos que investem. Temo que possa ser cedo demais, há uma fase em que tem de ser consolidadas. Segundo, parece-me que não é justo para aqueles que investiram na startup, na investigação e no desenvolvimento, e uma parte substancial daquilo que foram os rendimentos investidos. Como isso não era suficiente para vetar, promulguei o diploma".

Com vários diplomas em cima da mesa, como o SEF, da Habitação ou do SSDRS, o presidente pretende ter concluído o diploma do SEF e da Habitação na próxima semana.

Quanto ao diploma da Eutanásia, Marcelo Rebelo de Sousa voltou a ser direto, afirmando que "naturalmente que, obrigado como estou à promulgação, promulgarei entre hoje e amanhã (quarta-feira) e mandarei imediatamente para o parlamento". Questionado se irá fazer alguma declaração ou expressar alguma posição sobre esta matéria ao promulgar o decreto do parlamento, o chefe de Estado respondeu: "Não. Virá exatamente com a descrição da realidade: a Constituição diz que uma vez vetado e confirmado pelo parlamento, o Presidente é forçado, é obrigado a promulgar, ponto final, parágrafo. Cito o artigo. É isso", acrescentou.

Por fim, quanto à situação do Serviço Nacional de Saúde, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que esta é "uma fase de transição. Quanto mais rápida for melhor. O Ministério da Saúde criou uma estrutura autónoma, que arrancou há uns meses. Esse período significa criar uma máquina para o futuro. Em que o governo define as linhas políticas e depois há uma entidade que gere. É uma corrida contra o tempo e nesta fase há restrições, devido a vários fatores. Portanto, o que desejo é que este tempo, daquilo que depender de leis, decisões administrativas que sejam precisas tomar, seja breve. No final de 2023 espero ter um quadro completo".