Em declarações aos jornalistas, durante uma visita ao Bazar Diplomático, no Centro de Congressos de Lisboa, que durou cerca de três horas e meia, Marcelo Rebelo de Sousa disse ter visto "muito bem" o anúncio do pagamento da dívida ao FMI, feito pelo primeiro-ministro, na quinta-feira, no final do debate do Orçamento do Estado para 2019.
"Vi muito bem, por várias razões. Primeiro, porque é uma dívida muito cara, tem taxas de juro muito elevadas para a média da dívida pública mais recente em Portugal. Portanto, é bom para os portugueses. Segundo, porque é simbólico. Quer dizer que se vira uma página de um período que vivemos todos, que tivemos de viver", justificou.
Esse "período da crise", segundo o chefe de Estado, "perde uma das componentes mais preocupantes, que era a dívida mais pesada em termos de juro".
Em seguida, o Presidente da República destacou a desaceleração da inflação neste mês de novembro, apontando-a como "a boa notícia de hoje".
"E é boa porque estava a acelerar e acelerar a inflação significava ir ao bolso dos portugueses, quer dizer que o nível médio dos preços estava a subir e, depois, tinha consequências, naturalmente, no rendimento disponível. A desaceleração, a verificar-se até ao fim do ano, é uma boa notícia", acrescentou.
Marcelo Rebelo de Sousa foi ainda questionado sobre os números relativos ao crescimento também divulgados hoje, que apontam para uma variação de 2,1% do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre deste ano face ao mesmo mês do ano passado.
"Essa notícia já tem uma semana, uma semana e tal, mas falta ainda o último trimestre. Portanto, a dúvida é saber se no último trimestre nós nos aproximamos ou não daquilo que é o crescimento previsto ou desejado para este ano", respondeu.
No seu entender, "parece claro que fica acima de 2%, o que é bom", mas seria melhor "ficar mais acima" do que ficar "colado a 2%.
Interrogado sobre a decisão da Assembleia da República de incluir mais três vacinas no Programa Nacional de Vacinação (PNV), Marcelo Rebelo de Sousa recusou comentar o assunto, por ser "uma das questões do conteúdo do Orçamento".
"Depois verei se me pronuncio ou não", disse.
Quanto à promulgação do Orçamento do Estado para 2019, o Presidente da República estimou que possa haver uma decisão "até ao dia 24" de dezembro, se o diploma chegar a Belém a 17 ou 18.
De acordo com a estimativa rápida do Instituto Nacional de Estatística (INE) hoje divulgada, o Índice de Preços no Consumidor (IPC) aumentou 0,9% em novembro, face ao mesmo mês de 2017, o que significa uma desaceleração face à variação de 1,0% registada em outubro.
Na quinta-feira, momentos antes da votação final global do Orçamento do Estado para 2019 na Assembleia da República, o primeiro-ministro, António Costa, anunciou que até ao final do ano Portugal irá pagar "a totalidade da dívida ao FMI, de 4,6 mil milhões de euros, com todo o significado que comporta mais este virar de página".
Perante os deputados, o líder do executivo defendeu que este passo para o pagamento antecipado da dívida ao FMI "reforçará a credibilidade internacional" de Portugal no plano externo.
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