Com organização da Plataforma P’la Reposição das Scut(Portagens Sem Custos para o Utilizador) na A23 e A25, este protesto contou com partidas desde a Guarda, Belmonte, Covilhã e Castelo Branco e teve como destino comum o Fundão, onde o som das buzinas se fez ouvir de forma ruidosa, para chegar a Lisboa, tal como frisaram os manifestantes.
“Já não estamos em tempo de falar de descontos”, apontou Luís Garra, um dos elementos da Plataforma.
Este responsável vincou ainda que esta manifestação foi mais um “recado” para que o Governo “esteja atento e ouça o interior”.
“O senhor primeiro-ministro, que tem o mau hábito de empurrar com a barriga, fazer que anda, mas não anda, de proclamar os amanhãs que cantam, está a esquecer-se que amanhã é tarde para o interior”, afirmou.
Por outro lado, apontou o dedo às contradições que encontra nos discursos dos governantes que, nos últimos tempos, têm garantido que vai haver reduções, sem explicarem “que tipo de reduções” e “quais as medidas concretas”.
“Se isto é conversa fiada para entreter parolos, é bom que fiquem sabendo que nós não somos parolos”, avisou Luís Garra.
Lembrando que a votação final do Orçamento do Estado para 2023 só decorrerá no dia 25 de novembro, o porta-voz da plataforma também desafiou os deputados socialistas eleitos por concelhos do interior do país a exigirem que a reposição das Scut seja inscrita no documento, mostrando assim que “primeiro estão pelo interior e só depois pelo partido”.
Garantindo que as exigências dos manifestantes são justas, Luís Garra também avisou que a luta pode endurecer.
“Se quiserem ter luta todos os dias, vão ter luta todos os dias”, afirmou.
As dificuldades que as pessoas vivem face à guerra e à inflação foi outro dos argumentos que este porta-voz da Plataforma apresentou para reiterar que a abolição dos pagamentos é uma “medida de bom senso económico” e de “âmbito social”.
“Numa altura em que o aumento do custo de vida não é um slogan, mas uma coisa concreta. [Numa altura] em que começa a ser acentuada a fome e a miséria em Portugal, mas particularmente no interior, estão à espera de quê?”, questionou.
Dificuldades que se agravam com o peso das portagens, como sublinharam alguns dos manifestantes.
“Isto está a arrastar-se há tantos anos, que não se admite”, apontou à agência Lusa, Asdrúbal Lero, da Guarda.
Luís Martins integrou a coluna que partiu de Castelo Branco, porque está “cansado” de ter de pagar para ir trabalhar.
Por seu turno, Maria do Carmo, que integrou a coluna da Covilhã, vincou as despesas que tem de cada vez que precisa de se deslocar a Coimbra para ir a consultas hospitalares.
A Plataforma P’la Reposição das Scut A23 e A25 integra sete entidades dos distritos de Castelo Branco e da Guarda, nomeadamente a Associação Empresarial da Beira Baixa, a União de Sindicatos de Castelo Branco, a Comissão de Utentes Contra as Portagens na A23, o Movimento de Empresários pela Subsistência pelo Interior, a Associação Empresarial da Região da Guarda, a Comissão de Utentes da A25 e a União de Sindicatos da Guarda.
Além destas, há várias outras entidades que estão representadas no Conselho Geral, que é um órgão consultivo.
A A23, também identificada por Autoestrada da Beira Interior, liga Guarda a Torres Novas (A1).
A A25 (Autoestrada Beiras Litoral e Alta) assegura a ligação entre Aveiro e a fronteira de Vilar Formoso.
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