“E aí vão eles [às eleições legislativas]. Entusiasmados e convertidos, dispostos a enfiar a Constituição no balde do lixo, a exclamar que antigamente é que era, e a colocarem a fotografia do doutor Ventura na parede do seu gabinete, qual Estaline, como já acontece em todos as salas do Chega no Parlamento. Que bom Estaline dá o doutor Ventura”, afirmou a líder bloquista.

Mariana Mortágua, que discursava durante um almoço com cerca de 200 militantes na Sociedade de Instrução de Recreio e Social Areosense, em Viana do Castelo, cidade onde o Chega está a realizar a sua VI Convenção Nacional, afirmou que o aquele partido “pode não ter conseguido ainda acertar com os estatutos legais, pode enviar orçamentos de campanha fora de tempo, criar contas falsas na Internet, mas não conseguiu fugir à obrigação de comunicar o nome dos seus financiadores, ou pelo menos, podemos supor, de parte deles”.

“O que vos posso dizer é que compensaram, todos aqueles jantares e almoços do doutor Ventura com os donos disto tudo, com os patrões e milionários portugueses, e também com mais modestos facilitadores e intermediários do imobiliário, porque o doutor Ventura não discrimina”, observou, na sua intervenção de cerca de 15 minutos.

“O Chega não é um partido, é um balcão de atendimento e desconto de cheques. E quando o doutor Ventura recebe os cheques de empresários, que o mandam rasgar as vestes pelos seus interesses, ele cumpre obedientemente”, reforçou.

Mariana Mortágua acusou o líder do Chega de “receber dinheiro de um acionista da TAP e de defender as mesmas posições do grupo Barraqueiro”.

“Recebe dinheiro de donos dos CTT, os que foram às reservas da empresa para se pagarem dividendos milionários, e aí vai ele a defender a gestão privada que deixou o serviço em colapso. Aliás, neste caso é mesmo um negócio de família. O tio Champalimaud, o sobrinho Champalimaud, o filho Champalimaud, a mulher do filho Champalimaud e a família da mulher do filho Champalimaud, e ainda o primo Champalimaud, foi uma generosidade sem fim. Todos a financiar o partido Chega”, criticou.

A líder bloquista referiu ainda que André Ventura não se esqueceu “do outro ramo da família, os Mello, donos do grupo privado de saúde, donos da CUF”.

“E lá está doutor Ventura a apoiar o negócio da saúde. Recebe dinheiro dos interesses imobiliários ligados ao antigo grupo Espírito Santo, e é vê-lo a bater-se pelos vistos ‘gold’ e pela proteção da especulação imobiliária. Por todos eles, pelos donos disto dito, defende uma taxa plana de IRS, que sobrecarrega quem trabalha por baixos salários para cobrar menos aos mais ricos. Tudo pelos donos do dinheiro, essa é a divisa do doutor Ventura”.

Para o “partido dos interesses”, acusou Mariana Mortágua, “basta um cheque” e “extrema-direita dança a música que lhe tocarem”.

“Só quer mesmo saber dos ricos para quem trabalha, são eles que lhe pagam as campanhas sujas com se entretém a dividir o país a atirar pobres contra pobres e miseráveis contra miseráveis”.

Mariana Mortágua defendeu a necessidade de “uma limpeza” no país “dos intermediários, facilitadores da especulação, do imobiliário, das negociatas”.

“Portugal precisa sim de uma limpeza porque Portugal não aguenta mais andar às ordens dos donos disto tudo que se mudaram todos para a folha de pagamentos do partido do doutor Ventura. O doutor Ventura é a voz do dono e se o Chega é o alento dos ricos e poderosos, nós seremos a esperança de quem não se verga aos interesses nem atraiçoa o povo e a sua história. Jogamos limpo, falamos claro, e não nos vendemos por cheque nenhum. É assim o Bloco de Esquerda”, sublinhou.