Mario Draghi reconheceu, em conferência de imprensa, que esta questão não foi tratada “em detalhe” pelos líderes europeus na cimeira informal que os juntou quinta-feira e hoje em Versalhes, França, devido à relutância manifestada por alguns dos parceiros, como é o caso dos Países Baixos.

“As necessidades económicas da UE para respeitar os objetivos climáticos, de defesa e energéticos são muito grandes. É preciso decidir como gerar esses recursos e não pode ser através dos orçamentos nacionais, tem de ser uma resposta europeia”, defendeu o primeiro-ministro italiano e antigo presidente do Banco Central Europeu, nas declarações feitas no fim da cimeira informal dos líderes dos 27 da UE.

“Não falámos em pormenor, na minha opinião não houve disponibilidade suficiente por parte de alguns países, mas pela minha parte deixei claro que ou se dá uma resposta comum ou esses objetivos não serão alcançados”, frisou.

Draghi pediu que se esteja “consciente” de que as sanções impostas pela UE a Moscovo penalizam a Rússia, mas também do impacto que têm nos países europeus, “nas famílias e no seu poder de compra, e nas empresas, na sua competitividade e na sua capacidade de manter a sua atividade produtiva”.

“Temos de apoiar as nossas economias para que estas sanções sejam sustentáveis”, defendeu, referindo-se ao efeito do aumento dos preços da energia, do petróleo e de algumas matérias-primas, como os cereais, consequência do papel crucial da Rússia como exportador mundial.

A questão é saber se a emissão de dívida comum para lidar com o choque resultante da guerra na Ucrânia divide os parceiros, uma vez que os países do sul do continente são mais favoráveis e os considerados ‘frugais’ têm mais reservas.

A UE já acordou, no verão de 2020, após um longo debate entre os parceiros, a emissão sem precedentes de dívida conjunta de 750.000 milhões de euros para financiar o plano de recuperação após a pandemia de covid-19.

Draghi referiu que no Conselho informal foi discutido como reduzir a dependência do gás russo, como diversificar os fornecedores e como aumentar o investimento em energias renováveis para acelerar a substituição de fontes fósseis.

Foi também discutido, segundo precisou o líder italiano, “estabelecer um limite máximo nos preços do gás”, uma “questão delicada” sobre a qual a Comissão Europeia apresentará em breve “um relatório com os prós e contras”.