Dele se escreveu, em 2016, que era brando com o atual Governo, “um disciplinado quadro do PCP” que nunca poria em risco um executivo estabelecido com o apoio do partido.
Mas na reta final da legislatura acabou por protagonizar a crise política que levou o primeiro-ministro, António Costa, a ameaçar demitir-se, caso a Assembleia da República aprovasse as reivindicações dos professores para a contagem integral do tempo de serviço prestado (nove anos, quatro meses e dois dias), no âmbito do descongelamento da carreira.
Natural de Tomar, vive entre Lisboa e Coimbra. Diz que não tem tempos livres, que os passa na estrada a conduzir e a pôr os telefonemas em dia.
Gosta de discutir futebol com os jornalistas, especialmente quando os resultados do Sporting são positivos.
Da ´play-list´ que roda entre Lisboa e Coimbra fazem parte a brasileira Maria Rita, o português José Mário Branco e algum jazz, além da banda de rock formada em Londres nos anos 60, cujo álbum de eleição é “The Dark Side of the Moon”.
Na véspera de reuniões importantes prefere viajar em silêncio, concentrado na estratégia que levará à mesa negocial, na forma como vai conduzir a reunião, tentando antecipar reações e ponderando o que poderá deixar cair, face a matéria mais relevante.
Mário Oliveira Nogueira nasceu em janeiro de 1958. Professor do 1.º Ciclo, dedica-se em exclusivo à atividade sindical. No currículo tem dois mandatos autárquicos como deputado municipal em Coimbra e 17 anos como dirigente desportivo da Académica, onde chegou pela mão do filho e exerceu funções de presidente da Secção de Patinagem (hóquei).
Tem assento como conselheiro, designado pelas organizações sindicais, no Conselho Nacional de Educação (CNE), órgão consultivo do Governo.
Em momentos cruciais da luta dos professores funciona em plataforma com outros sindicatos, nomeadamente a Federação Nacional da Educação (FNE), dirigida pelo social-democrata João Dias da Silva.
São conhecidos pelos perfis antagónicos. Dias da Silva é considerado um moderado, Mário Nogueira, um radical.
O líder da FNE não costuma alargar-se em comentários sobre o homólogo da Fenprof, mas reconhece-lhe “capacidade de trabalho e organização”.
Uniram-se na defesa da contagem do tempo de serviço dos professores da mesma forma que no passado juntaram esforços quando a tutela de Maria de Lurdes Rodrigues decidiu dividir a carreira entre professor e professor titular, o que acabaria por não vingar, dada a forte oposição da classe, que entendeu a medida como uma forma de dividir os docentes entre "professores de primeira categoria e de segunda categoria”.
Entre as leituras, o secretário-geral da Fenprof guarda “Nemesis”, de Philip Roth, um autor que aprecia, e “O Tatuador de Auschwitz” (Heather Morris), porque gosta de ler “sobre coisas que aconteceram”.
Confessa-se adepto de caminhadas e de “umas corridinhas” no pouco tempo que lhe sobra. É raro o dia em que a Fenprof não emite um comunicado.
Apesar de Mário Nogueira falar diretamente com os jornalistas, cujos números tem gravados no telemóvel, Rosa Medeiros foi o braço direito no apoio ao secretariado nacional e na ligação com a imprensa antes de a Fenprof dispor de assessoria para esta área.
Atualmente reformada, Rosa define o dirigente, com o qual já lidava antes no âmbito de um grupo de trabalho, como alguém que “não para”, que trabalha “muito intensamente”, com "uma grande dinâmica e muita exigência”, que aplica também aos outros, mas ao mesmo tempo “muito solidário”.
Pelos seus mandatos na liderança da Fenprof passaram cinco ministros: Maria de Lurdes Rodrigues, Isabel Alçada, Nuno Crato, Margarida Mano e Tiago Brandão Rodrigues.
Tudo indica que Mário Nogueira sucederá a Mário Nogueira na liderança da Fenprof. Falta saber com quem irá negociar no Ministério da Educação lá mais para o final do ano.
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