De voz embargada, a socialista falou na sede do partido, no Largo do Rato, em Lisboa, e leu a mensagem que o PS havia divulgado horas antes, quando se soube da morte do antigo Presidente da República e fundador do PS.

"Soares é fixe. Até sempre, Mário Soares", fechou Ana Catarina Mendes, depois de advogar que Portugal "perdeu hoje o pai da Liberdade e da Democracia, a personalidade e o rosto que os portugueses mais identificam com o regime nascido a 25 de Abril de 1974".

Com o desaparecimento de Mário Soares, o PS salienta, numa declaração publicada na sua página oficial, lida depois pela sua secretária-geral adjunta, que "acaba de sofrer a maior das perdas imagináveis, a sua maior referência, o fundador e militante número 1, figura maior e indelével do socialismo democrático português e europeu".

Ana Catarina Mendes falou aos jornalistas num palanque onde, atrás do microfone e da socialista, figuravam quatro imagens a preto e branco de Soares, em registo de homenagem.

A sede do partido encontra-se aberta mas as movimentações, pelas 18:30, eram poucas. Contudo, no domingo, a sede encontrar-se-á aberta com um livro de condolências disponível para militantes e apoiantes prestarem o seu tributo a Soares.

Na página do PS, na rede social Facebook, o registo é também de pesar: o símbolo do partido, em cor-de-rosa, foi trocado pela mesma imagem mas a preto e branco.

Mário Soares morreu hoje, aos 92 anos, no Hospital da Cruz Vermelha, em Lisboa, onde estava internado há 26 dias, desde 13 de dezembro.

O Governo decretou três dias de luto nacional, a partir de segunda-feira.

Soares desempenhou os mais altos cargos no país e a sua vida confunde-se com a própria história da democracia portuguesa: combateu a ditadura, foi fundador do PS e Presidente da República.

Nascido a 07 de dezembro de 1924, em Lisboa, Mário Alberto Nobre Lopes Soares foi fundador e primeiro líder do PS, e ministro dos Negócios Estrangeiros após a revolução do 25 de Abril de 1974.

Primeiro-ministro entre 1976 e 1978 e entre 1983 e 1985, foi Soares a pedir a adesão à então Comunidade Económica Europeia (CEE), em 1977, e a assinar o respetivo tratado, em 1985. Em 1986, ganhou as eleições presidenciais e foi Presidente da República durante dois mandatos, até 1996.