Exerceu cargos ministeriais em três governos de Aníbal Cavaco Silva, esteve com Durão Barroso, foi presidente do Partido Social Democrata (PSD), autarca, comentador político, papel que pendurou, de vez, no domingo passado, doze anos depois de se estrear nos comentários na SIC.
Agora, o conselheiro de Estado muda de papéis e vai emprestar a cara e o corpo a uma candidatura à Presidência da República.
Habituado a estar sentado, na televisão, abdicou, desde domingo, da mensagem dominical e passa a ser uma voz em todos os órgãos de comunicação social.
Andará, em campanha, todo-o-terreno, de porta e porta, a desbravar o país à procura de convencer o eleitorado que o lugar no Palácio de Belém assenta-lhe bem e entrará, nos estúdios de televisão no papel de entrevistado.
Depois de ter já dado alguns pontapés de saída, embora o oficial aconteça somente na próxima 5.ª feira, em estilo futebolístico, Luís Marques Mendes concedeu uma flash interview antes da apresentação do livro “Os presidentes da Federação Portuguesa de Futebol”, evento que decorreu no auditório principal da Cidade do Futebol, em Oeiras, sede da FPF.
Marques Mendes, antigo guarda-redes dos escalões de formação da Associação Desportiva de Fafe, pede, à partida, jogo limpo antes do arranque de uma longa campanha eleitoral para as presidenciais, eleições que decorrem em 2026.
“É um período longo e, portanto, tem que ser gerido com algum talento para haver criatividade, mas não haver banalização, uma questão que se coloca de igual a todos os candidatos”, reconhece o aspirante a inquilino no Palácio de Belém.
“Tenho uma preocupação, e diria que até fazia um apelo positivo, construtivo, a todos os candidatos, àqueles que já são e àqueles que venham a ser. Todos devemos fazer um esforço para fazer uma campanha pela positiva, com base em ideias, de forma construtiva, que seja útil para o país”, lançou o repto.
Continuou. “Nada de entrar em ataques, muito menos em ataques pessoais, julgo que uma campanha pela positiva, com base em ideias, é aquilo que os portugueses esperam e desejam”, respondeu, ao jogar à defesa.
Não devolve comentários às críticas pessoais que André Ventura lhe endereçou publicamente, horas antes, ao acusar Marques Mendes de lobista, ter traído o centro-direita e direita e nunca ter ido a votos na vida política.
“Não respondo, por uma razão simples: não estarei nunca nesta campanha para fazer críticas e ataques, muito menos ataques pessoais”, frisou. “Ataques pessoais não farei, respostas a ataques pessoais também não. Uma campanha pela positiva é o apelo que faço a toda a gente”, rematou Luís Marques Mendes em resposta aos jornalistas.
Traça, por isso, uma linha orientadora. “Farei tudo para ter uma campanha pela positiva, de forma construtiva, com base em ideias, julgo que é isso que os portugueses querem, porque a minha única preocupação nesse plano é ajudar a unir o país, nunca a dividi-lo”, reiterou.
Presidentes ... de futebol
A apresentação oficial da candidatura a Belém decorre em Fafe, Braga, terra onde tem fortes ligações familiares, ou não fosse, filho de um advogado, fundador do PPD local e presidente da Câmara fafense.
A norte, explicará aprofundará o significado das “três grandes preocupações: ambição, estabilidade, ética”, ideias explicadas ao país na próxima quinta-feira.
No coração da casa do mundo da bola redonda, Marques Mendes não deixou de recordar, ao SAPO24, o passado desportivo. Curiosamente, duas modalidades que colocam Portugal nos píncaros da notoriedade.
“Fui guarda-redes de futebol (Associação Desportiva de Fafe) e andebol (Liceu de Guimarães), a nível federado, até ao escalão júnior”, um passado desportivo distante trocado pelo ao entrar na maioridade e que vive, desde então, até ao presente. “Saí para me dedicar à política”, porta de entrada aberta por Eurico de Melo, todo-poderoso social-democrata nortenho.
Recupera as performances desportivas. “Fiz bodyboard, joguei ténis muitos anos, até as costas me impedirem de jogar” e deixou, de vez, a prática. “Com a idade, um tipo vai piorando, não é?”, questionou, a sorrir.
Durante a apresentação da obra bibliográfica dos 31 presidentes eleitos ao longo dos 110 anos da Federação Portuguesa de Futebol, evento que juntou figuras do futebol, política e empresarial, como Humberto Coelho (FPF), José Luís Arnault, (ex-político, advogado e presidente da mesa da AG da FPF), Joaquim Oliveira, Nuno Pires (SportTV), Luís Marques Mendes deixou notas finais a dois presidentes: Gilberto Madaíl e o atual e cessante, Fernando Gomes.
A palavra presidente esgotou-se nesse campo. “Aqui estamos a falar de presidentes do futebol. Presidentes do futebol”, respondeu, quando questionado, se a repetição da palavra não seria um treino para lhe entrar na cabeça.
Comentários